Li de um só folego “A Tragédia de Mari”. Livro escrito pelo jornalista e historiador Nelson Coelho (1942-2018).
O autor foi também membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHPG) e Diretor do Jornal A União.
A tragédia de Mari é um relato bem ilustrado e ricamente consubstanciado de um fenômeno social que ocorria não somente na Paraíba como de resto do País. Um trabalho exaustivo de pesquisa e muita paciência.
Uma narrativa que explicita que o fato da defesa da propriedade da terra e do poder político dela advindo foi feita na base das armas dos pistoleiros e jagunços, a serviço dos “coronéis”.
O cenário socioeconômico da época (período pré-revolucionário de 1964) foi marcado com o surgimento das ligas camponesas associações ruralistas que se transformaram posteriormente em sindicatos.
Em que pesem os conflitos que existiam entre os proprietários rurais e os ruralistas, na obra de Nelson resta absolutamente claro que o massacre ocorrido na fazenda Olho D’água, no município de Sapé, onde foram mortas mais de dez pessoas, não houve causas políticas, mas simplesmenteaconteceu por uma “negligência” de um dos protagonistas.
Ocorreu o desaparecimento de uma arma privativa do exército (Smith Wesson calibre 45), originariamente de propriedade do Industrial Flávio Ribeiro Coutinho e na oportunidade conduzida por um seu funcionário.
O Dr. Flávio queixou-se ao Governador Pedro Gondim que de imediato ordenou diligências para recuperação do artefato.
O Sr. Fernando Gouveia contador das empresas do Dr. Flávio em companhia de mais umas três pessoas não quis esperar pelas providências do poder público e achou por bem, ele mesmo, enfrentar uma turba de mais de trezentos ruralistas que faziam um mutirão na fazenda palco do massacre, e tentar resgatar o revólver desaparecido.
O final, como era de se esperar,foi a morte de mais de uma dezena pessoas. No inditoso episódio o Sr. Fernando Gouveia foi morto atingido por um golpe de enxada na cabeça.
