Sem gosto e nem catinga

Se tivesse alguém fazendo o roteiro da minha vida, certamente, iria acunhar: “quem diria? Logo ela, que, aos 51 anos, é uma pessoa apaixonada pelos sabores e os cheiros da vida, neste momento, as frases que a definem são: “nem fede e nem cheira” e “sem gosto e nem catinga”. Mas, quem ousaria fazer tamanha maldade com essa mulher que tem cara e nome de rica?”

O responsável por essa astúcia é nada mais, nada menos, o mesmo que parou o planeta no séc 21. O nome dele é coronavirus.

Por sorte, que por aqui os sintomas chegaram de forma leve e foram passageiros. Só um deles ainda não foi embora: a ausência do olfato e paladar.

No primeiro dia desse sintoma, pensei que era a quentinha que não tinha gosto de nada. Até que percebi a realidade e logo veio a ideia: vou aproveitar pra comer pouco e baixar o bucho. Não deu certo! Quase dei uma turica e fiquei andando segurando nas paredes.

Voltei a comer no meu normal, ou seja, feito uma desesperada. E, também, desenvolvi uma técnica: cada colherada, fecho o olho e imagino o gosto daquela comida. A mesma coisa faço com o cheiro. Passo desodorante e perfume do mesmo jeito de antes. Até porque as outras pessoas que sentem cheiro, não são obrigadas a sentir catinga.

E a imaginação foi a minha grande companheira, ao longo dos 14 dias de isolamento. Como foram muitos dias, tomei emprestado um pouco da imaginação dos outros. Por indicação de dois amigos, Lael Arruda e Fernanda Gonçalves, vi uma série chamada “Anne com E”. Abri mão da minha convicção de que não gosto de série porque demora muito e não tenho paciência. E, embora ainda continue sem paciência, fui vencida pelo grande tempo ocioso.

Pois bem! Anne foi minha grande cúmplice durante a reclusão. Imaginação chegou ali e parou! Não custava nada repôr o meu estoque. E foi o que fiz.

E tome comer ovo imaginando que é ovo mesmo. Macaxeira, batata doce, arroz, feijão e carne? Boto o quengo pra funcionar e imaginar a gostosura de tudo isso. E rapadura, então, meu doce preferido. Quando tudo isso passar, só não vou comer uma todinha porque até imaginação tem limite.

Após ter sido infectada por esse vírus horrível e tá bem, somente sem sentir gosto e nem catinga, só tenho a agradecer a Deus e a imaginação. Afinal, “imaginação faz bem à saúde”.

O humor sempre esteve presente na minha vida. Desde criança. Afinal, sou filha de pais bem munganguentos. Até hoje, pra onde me bulo, vejo uma coisa engraçada. Mesmo nos momentos mais sérios. Há oito anos, resolvi “empacotar” esse humor orgânico e botar “à venda”, em forma de standups, textos, crônicas, podcasts e vídeos postados nas redes sociais. No insta: @_romye e no youtube: Romye Schneider. Divido tudo isso, com o jornalismo, profissão que amo e exerço há 30 anos.

9 COMENTÁRIOS

  1. Até com covid vc arranca sorrisos kkkk…tu és maravilhosa!
    Mulher, assisti essa série de Anne e me apaixonei!!
    Adorei a idéia de usar a imaginação! Show
    Xero Grande

  2. Romye pelas caridade! Tu pegou esse negócio como!?!? Ainda bem que estás bem!!!. Só tu mesmo pra fazer graça com essa Covid…kkkkk

  3. Amiga, você é incrível nas suas colocações, até com a covid-19 você consegue manter o humor, estou muito contente de saber que seus sintomas foram moderados e que você está bem !!!!
    Também já assisti essa série de Anne é ótima, já vi todas as temporadas estou aguardando a próxima.

  4. A males que vem para o bem.
    Uma CIVIDe de férias! Rsrsrsr fico em pânico só em saber… Que bom q já está de alta e bem.
    Retornando ao velho mundo onde tudo fede.
    Está salva desse odor por uns dias… rsrsdsr

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