Definitivamente esta questão de interação no mundo cibernético se processa nos indivíduos jovens como se fosse um fenômeno atávico. É impressionante como fluem as informações nas cabeças da segunda infância à puberdade.
Lembro-me quando certa vez Jô Soares entrevistava no Programa do JÔ um Diretor Executivo da IBM no Brasil.
Num determinado trecho da entrevista JÔ comentou seu debut na internet e fez alusão a um processador de texto que havia comprado chamado WORD. Após descrever as maravilhas do mesmo observou que ainda não dominava cem por cento suas possibilidades e perguntou ao entrevistado:
– Quanto tempo você acha que eu vou conhecer e utilizar todas as funções desse aplicativo?
O entrevistado acomodou-se na cadeira e simplesmente afirmou:
– Bem, como você é um homem inteligente e perspicaz, estudou no Lycée Jaccard, na Suíça e coisa e tal deve demorar uns dois a três meses para se familiarizar com todo programa. Agora se você fosse adolescente com certeza em quinze dias conseguiria tal proeza.
Este final de semana fui com minha mulher a um supermercado para comprar um fungicida e terminei comprando um teclado portátil. Não que eu saiba tocar, mas como um artifício singular para preencher o tempo de isolamento nessa pandemia.
Hoje à tarde chegaram meus três netos, Luísa(10 anos), Alice (8 anos) e Arthur (2 anos). Fizeram uma festa ao ver o instrumento. Todos queriam tocar. Passada a euforia dos primeiros minutos voltou a calmaria. Estou eu guardando o instrumento quando fui abordado por Luísa:
– Vô não guarda agora não me deixa brincar mais um pouquinho. Claro que deixei.
Após alguns minutos me deparei com uma curiosa cena. Luísa estava conectada e assistindo um tutorial do teclado no celular.Ninguém lhe ensinou o caminho das pedras. Aquilo veio como uma intuição natural como se fosse um aprendizado congênito. Que coisa!