As dores do mundo

Essa sensação desconfortável que nos leva ao sofrimento físico ou moral, que nos aflige e nos magoa se intitula “dor”. Como uma palavra tão pequena tem tanta força no nosso existir? Pensando nela, fico a imaginar quantas são as dores do Século XXI? São muitas e algumas nefastas demais.

O mundo sofre com suas dores, que são efeitos de um tempo de drogas, terror, inveja, fome, miséria, incredulidade, o covid19, o desamor e insatisfações. O homem é o maior responsável pelas existência de suas próprias dores. Ele cria, alimenta e propaga ações que temperam as dores do mundo. Sofre com elas, mas não costuma assumir ser o autor maior dessas chagas. Aliás, isso não é novidade, pois a história conta que esse agir é uma característica da personalidade da maioria desses transeuntes que já viveram e que ainda vivem por este mundo.

Não é possível que com tanta evolução, o homem continue a ser, em muitos instantes, o velho e ultrapassado bárbaro de priscas e longínquas eras. São inaceitáveis a guerra que mata inocentes, as decapitações, o desmatamento desenfreado, a poluição, a fome, o terrorismo e a luta do poder pelo poder. É triste perceber que o homem insiste em caminhar pelos trilhos da insanidade. É como se ele buscasse apostar na dor como forma de encontrar a felicidade, talvez uma felicidade pautada na torre frágil do materialismo.
Se a dor existe, então, é preciso saber que todos são capazes de dominá-la, mas como nos ensina William Shakespeare, exceto quem a sente. Não sei se essa assertiva é verdade, o certo é que a dor causa incomodo, aflição e medo, por isso, no momento do sentir a pessoa muitas vezes se apavora e não consegue ter o equilíbrio necessário para enfrentá-la, ou mesmo, conviver com o sofrimento imposto por ela. Com isso, perde-se a batalha, corpo e alma padecem diante dos efeitos maléficos das dores.

Não devemos temer a dor, pois todo vencedor, assim o é porque conseguiu vencer a dor. A dor deve ser vivenciada como forma e espaço de aperfeiçoamento espiritual. Não devemos olhá-la de maneira isolada, mas sempre buscando agregá-la a situações que proporcione um futuro melhor. A dor é necessária para o engradecimento do homem, pois é preciso que as dores sentidas possam fazer com que o homem compreenda que: – “Não basta sofrer; é preciso aproveitar o concurso da dor, convertendo-a em roteiro de luz”(Emmanuel ).

Talvez não existissem dores se o homem compreendesse que a moeda divina é o amor e que o perdão é o caminho do desaparecimento do mal.

Onaldo Rocha de Queiroga é natural de Pombal, formou-se em Direito em 1987, ocupando diversos cargos na área, em várias cidades paraibanas. Atualmente é juiz da 5ª Vara Cível de João Pessoa e ocupa o cargo de juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça da Paraíba. Ingressou na literatura com o livro Esquinas da Vida e prosseguiu com Baião em Crônicas, Reflexões, Por Amor ao Forró, Crônicas de um Viajante, Meditações, Monólogos do meu Tempo; Efeitos, Homíneos e Naturais.

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