Há no coração do homem um tom de descontentamento que é inaceitável. A insaciabilidade e insatisfação atingem patamares que fogem o padrão de normalidade.
O fato é que o homem busca a felicidade olhando para a casa do vizinho. É uma espécie de desencontro interno, onde insatisfeitos buscam a comparação de vida com familiares, amigos e até com pessoas que nem sequer conhecem.
Justificam seus insucessos atribuindo aos outros a sua incapacidade de ser feliz.
A verdade é que, às vezes, a pessoa convive com a felicidade, mas só percebe quando deixa escapá-la. A sua inveja impede a construção de sabedoria, pois essas pessoas nunca se mostram satisfeitas com o que já tem, apesar de já ter o suficiente para viver feliz e, com isso, descartam, o que tem, em busca de algo, em seu pensar, muito maior, não compreendendo que o excesso é sempre difícil de segurar em nossas mãos.
Esquece que nada se leva deste mundo após a morte, por isso, deveria aprender a lição de contentar-se com aquilo que já tem, buscando compreender, ainda, que a felicidade não se encontra na abundância da materialidade, na vida do seu vizinho, mas, sim, na paz e o amor que devemos carregar dentro de cada um de nós, na essência residente no nosso coração.
A inaceitável desculpa de se julgar “injustiçado”, transparece a ideia de que devemos ser escolhidos para a obtenção de facilidades, num mundo de “jeitinhos” que permeiam a cultura de que tudo cai do céu. Pobre homem. A vaidade busca defeitos em semelhantes. São poucos os que olham para o espelho da alma, pois são passageiros que não vivem o amor, o diamante maior da existência humana. Que Deus continue a olhar pela humanidade!
Onaldo Queiroga