Luciana Gomes Cerqueira

É bastante conhecido o conselho de Leon Tolstoi, “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Citações são mais do que frases, valem pela verdade e motivação que trazem em sua mensagem.
‘Resistência’, nos últimos tempos, virou palavra tão importante que alcança por si só também a capacidade de ser uma boa epígrafe, que pode, inclusive, junto com a passagem de Tolstói, sintetizar bem a importância do evento que é o assunto principal deste artigo.
Nos próximos dias 14, 15 e 16 de Outubro, o Vale do Piancó estará oferecendo um grande presente a sua ‘aldeia’ e ao mundo: O 1°FESTCINE PIANCÓ. Trazendo obras cinematográficas paraibanas produzidas recentemente, palestras e oficinas, o FESTIVAL DE CINEMA DO VALE DO PIANCÓ instaura assim um movimento para que a sociedade possa conhecer e admirar as obras artísticas feitas no nosso território. Arte que pinta a própria aldeia, mas cuja mensagem é universal. A cultura sempre foi de resistência nessa região, desde a época dos índios Coremas, uma das últimas tribos indígenas a aceitar manter relações amigáveis com o homem branco civilizado. Defensores de suas terras, cultura e tradições, os Coremas lutaram e resistiram por mais de três anos até que os brancos colonizadores enfim conquistassem o Vale do Piancó e do Rio do Peixe. Aliás, Piancó era o nome do chefe da tribo dos Coremas e, por isso, merecidamente, o prêmio do festival se chama Cacique Piancó, que será oferecido aos vencedores nas mais diversas categorias.
Alguns dos premiados serão escolhidos a partir da votação de um júri popular, enquanto outros ganhadores serão aclamados com base no total de notas que serão emitidas por cada um dos três jurados que formam a comissão julgadora: Chico Noronha, Norma Góes e Maraísa Quintino. O 1° FESTCINE PIANCÓ homenageia o prestigiado cineasta e produtor cultural Laércio Filho, que, além de oficina, dará no evento a palestra “O desafio da produção cultural durante e pós Pandemia” . No encerramento do festival, na Praça Salviano Leite, haverá a dança “Saudações Ancestrais” idealizada e dirigida por Paullynho Piancó, Presidente de honra do grupo Evolução de Piancó, que está organizando o festival e tem várias ações de incentivo à Arte na região.
E assim, conectados a suas ancestralidades, os descendentes dos Coremas vão resistindo e demonstrando que a maior magia está na preservação das obras artísticas e na valorização da criatividade de cada indivíduo. Estimulando os jovens da região e adjacências a se envolver com a Cultura, se manterá vivo o legado do Cacique Piancó.

_*Luciana Gomes Cerqueira é Mestre em Semiologia pela UFRJ, instituição em que também se graduou em Letras. Professora e Dramaturga, tendo ganho em 2016 o prêmio Aldeia Sesc de revelação, por seu trabalho _Wonderland: Um encontro entre Freud e Alice no divã._

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