O poder e influência que o som tem em nossas vidas é algo impressionante. Sabemos que pelo sentido da audição conseguimos captar sons dos mais variados possíveis, desde ruídos, barulhos, rangidos, o badalo de um sino, o apito de uma chaminé, o mugido de um boi, o canto de um passarinho, o estrondo de um trovão e, dentre muitos outros, ainda tem o som de uma canção.
Todo som tem o condão de marcar passagens de nossas vidas. O mugido de um boi nos remete ao amanhecer do campo, onde a boiada logo cedo sai do curral mugindo em direção ao pasto. Ruídos que emergem em noites escuras e que quebra o silêncio nos encaminham para instantes de medo, onde corre em nossas almas o temor de possível encontro com algo de outro mundo. O badalo de um sino nos avisa que algo de importante na seara religiosa está acontecendo na cidade.
O apito de uma chaminé, num primeiro momento nos leva à lembrança de que tal som anuncia o início e o fim de uma jornada de trabalho numa fábrica. Num outro momento, vai muito além desse protocolar detalhe. Quando escuto um apito de uma chaminé, o que é algo difícil nos dias atuais, logo meu âmago é invadido pelas lembranças de uma chaminé que pontuava o horário não só de funcionários, mas de toda uma cidade. Sim, a chaminé da Brasil Oiticica em Pombal.
Mas o som de uma canção tem também o sublime condão de marcar para sempre instantes de nossas vidas. E é esse som que no futuro, onde quer que estejamos, ao ouvi-lo, logo nos lembraremos daquele importante momento pretérito, seja triste ou alegre, sim, haveremos de lembrar, inquietando assim, nosso espírito.
O silêncio também tem seus sons e, como já dizia Jack Kerouac “o silêncio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo!”. Opa! Só não pode cortar o amor que como exclama Júlio Dinis “é um som que reclama eco”, e, aqui afirmo ser divino e inquebrantável. Precisamos de sons que nos tragam paz, que afastem da humanidade estampidos de choques abomináveis, com contornos do radicalismo.