Relatos, atribuídos a Hipócrates, falam de que a moléstia respiratória ceifou centenas de pessoas na Grécia Antiga. Na Idade Contemporânea, ela se alastrou por todos os Continentes, sob a denominação de Gripe Espanhola, em 1918, ao término da 1ª Guerra Mundial. É quando, em fevereiro, o Forte Riley, Kansas, EUA, é atacado e, sem demora, Nova Iorque. No mês de abril, bate à porta da Europa, alcançando tropas francesas e britânicas. As baixas norte-americanas foram de 70% do todo o efetivo.
A má nova chega ao Brasil em setembro, no porto do Recife, trazido por marinheiros procedentes de Dakar, costa atlântica na África, levando a óbitos milhões de terráqueos de todo o mundo. Outros surtos da doença teríamos na sequência, com maior ou menor intensidade, cada com suas características e variações, deixando as autoridades sanitárias aturdidas: a “Gripe Asiática”, de 1957; a de Hong Kong, de 1968; a epidemia de gripe do Fort Bernning, norte-americano, cujos recrutas foram obrigados usarem máscaras, em 1969; a “Fog”, ou Gripe Aviária, de 1975, e a “Gripe Sulina”, de 1976. Foram casos que puseram os cientistas de sobreaviso.
Causada, segundo os epidemologistas e infectologistas, por “um minúsculo agente no organismo, o vírus, o qual mede de 10 a 30 milionésimos de milímetro”, dispondo de invejável força capaz de despencar energia correspondente a cinco homens. No ano de 1993, a Fiocruz, credenciada pela OMS, investiga transtornos da epidemia, sem controle, a que os cariocas alcunhavam de “fusquinha”, e os baianos, de “econômico”.
Basta de brincar com a fera, que parece ser rainha de todos os virais. A vírus A-Pequim” (influenza), que começou alardear os Estados Unidos, em 1990, ruma para o Brasil. Há um alerta máximo por parte da indústria farmacêutica, incitada a desenvolver uma vacina, a fim de combatê-la, com eficácia. Não é assim tão rápido, encontrar-se o milagroso medicamento. Aceleram-se os estudos. Mais modesta, a H1N1 cede, ante a descoberta anti-viral. Vem depois a Covid-19, decidida enfrentar a nova Vacina e desafiar a ciência. Na iminência de perder a parada, traz sua ajudante de ordens, a Ômicron, combinada com a A3N2. No Brasil, aliam-se aos negacionistas. Essa queda de braço ninguém sabe quando terminará.
Uma coisa eu digo, sou mais a gripe brasileira, verde-amarela, aquela que com os brônquios cheios simbilava. Para quebrar a monotonia da noite, a tossefonia, bastante cadenciada, instrumentalizada pelo paciente. Ela vinha, por vezes, no tempo certo de matarmos as aulas, quando nossas mães nos colocavam em absoluto repouso, que a curávamos com cachete, xarope, lambedor, se adulto, no primeiro sinal uma dose de cachaça com limão, além de outras mesinhas. Abomino estrangeirismo. Viva nossa gripe!
Jornalista
.