Deu merda!

Eu poderia tá aqui falando do carnaval que não houve, da guerra da Ucrânia ou do terceiro ano de pandemia. Afinal, depois da queda, o coice.

Menino, num fale em queda não, pelascaridade! Logo em janeiro, desse ano, caí de um balanço que o quengo ficou quicando no chão. Mas, não é dessa merda que tô falando. É no sentido literal mesmo.

Pra mudar os ares, fui almoçar com a amiga das antigas, Irina, no Seixas. Conversa vai, conversa vem, me empolguei com uma macaxeira frita. Frita não! Aquela bixiga tava mergulhada num mar de óleo. Acho que era um oceano pra cada pedaço. Tava tão oleosa que a bixa chega escorregava de goela abaixo. Por isso mesmo, que tava uma delícia e eu tome botar pra dentro que não deu tempo nem da minha amiga provar.

Mas, minha gente, só foi o tempo do último pedaço descer o “escorrego” da goela e chegar no bucho, que as tripas começaram a reclamar.

A pobi da minha amiga contando da vida dela, depois de anos que a gente não se via, e eu lá, já não tava entendendo mais nada.

Comecei a me retorcer de dor e logo fez aquela zoada de tripa se bulindo, como se uma guerra tivesse dentro de mim.

Meti o pé na carreira pro banheiro, já com a mão no fiofó pra garantir que o estrago não acontecesse no caminho.

Ôh, glória! O banheiro tava desocupado. Quando me preparei pra fazer o serviço, foi uma pressão tão da bixiga taboca, que, se tivesse alguém do banheiro ao lado, pensou: “O bombardeio aéreo chegou por aqui”.

E ali tava eu, morta de cansada, em meio aos “escombros” da minha cagada. Mas, o pior ainda tava por vir.

Eu tava de vestido longo, com direito a decotão, estampas e duas tiras pra dar o laço. Quando fui arrumar o vestido pra sair do banheiro, percebi que a ponta de uma das tiras tava toda cagada.

E agora? O que você faria?

A – chorava e pedia pra morrer?

B – Deixava o vestido pra lá e voltava nua pra casa?

C – Ficava toda cagada.

Eu não escolhi nenhuma dessas opções. Olhei prum lado e pro outro, vi uma pia, no meio do restaurante – pois pra mim nada é fácil – e, na maior cara de pau, lavei o vestido na pia, com a sensação de que tavam me julgando.

– Pronto. Não falta mais nada nesse mundo. Essa doida trouxe roupa pra lavar aqui.

Quer saber? Depois do alívio que senti pela merda que fiz, num tava nem aí.

Quando voltei pra mesa, minha amiga me olhou de cima a baixo e perguntou:

– Mulher, você tava na guerra, era?

– Exato! Na guerra da minha gula contra a macaxeira embebida no óleo. O resultado não poderia ser outro: deu merda!

Eu vivo do jornalismo, desde quando me formei, no início dos anos 90. Até que em 2014 passei a desempenhar mais uma função: a de humorista. Há quem diga que sou uma jornalista engraçada e eu digo que o humor sempre esteve presente na minha vida. Desde criança. Afinal, sou filha de pais bem munganguentos. Aprendi com eles a rir de nós mesmos. Isso ajuda nos momentos mais sérios da vida. Há 10 anos, resolvi “empacotar” esse humor orgânico e botar “à venda” em forma de standup, textos, crônicas, podcasts e criação de conteúdo para o insta: @romyeschneider.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui