Daíra: turnê chega a João Pessoa com canções de Belchior e novo álbum “Samsara”

Cantora fluminense mostra no Loca Como Tu Madre, em 27 de março, clássicos do compositor como “Alucinação” e novidades como “Água Morta”, gravado com Elba Ramalho

Nascida em Niterói (RJ) e considerada uma das melhores intérpretes da obra de Belchior, a cantora Daíra apresenta-se em João Pessoa, no dia 27 de março, no Loca Como Tu Madre com o show “Versões de Belchior + Novos Lançamentos”. O espetáculo, que terá a participação de Sofia Gayoso, é parte da turnê de lançamento do álbum “Samsara”, seu primeiro trabalho completo após “Amar e Mudar as Coisas” (2017), baseado na obra de Belchior. O álbum traz oito canções com tons poéticos, de protesto e influências latinas, com destaque para a parceria com Elba Ramalho em “Água Morta”, que amadrinhou a carreira de Daíra e que aqui presta um tributo ao descaso das tragédias das barragens em Mariana e Brumadinho (MG). A turnê no Nordeste está passando também por Recife, Salvador e Fortaleza.

O show em João Pessoa

“Versões de Belchior + Novos Lançamentos” (participação de Sofia Gayoso)
Data e horário: 27 de março de 2022, 18h.

Local: Loca Como Tu Madre – Rua Nicola Porto, 172, Manaíra.

(O local segue as normas de segurança contra o Covid – uso obrigatório de máscara)

Ingresso primeiro lote: R$ 25,00 – Vendas pelo Sympla

https://www.sympla.com.br/evento/daira-em-joao-pessoa-show-daira-canta-belchior-amar-e-mudar-as-coisas-primeira-vez-na-paraiba/1506853?fbclid=IwAR2bHlDkzQHuDzmSvcy3MWv3yvFu71pNkqpTVnXnQ30k4aGW1Jf0gLxHeuQ

“Samsara”: poesia, latinidades e protestos

Conforme definição da própria Daíra, o álbum “Samsara”, que tem oito canções, “é repleto de poesias inteligentes, tons de protestos, ritmos quentes, latinidades e nordestinidades”. O trabalho está disponível nas principais plataformas digitais e, em breve, contará com uma fajxa bônus com a participação de Zélia Duncan. Destaque para a faixa-título, dos versos “uma farmácia em cada esquina não vai nos curar” e “a larva é melhor que o larvicida” de Luizinho Alves. Já “Pachamama” foi composta pelo pai de Daíra, Carluiz Saboia.

A slammer Andrea Bak marca presença em “Mesmo antes de morrer” e atesta, em defesa da grande maioria de pretos e pardos mortos em ações policiais: “a justiça não é cega, é daltônica”, dispara.. “Tanto Tempo” retrata o sofrimento e as desigualdades sociais dos centros urbanos.

O álbum tem ainda uma canção em espanhol do compositor Piero (Argentina), “Soy Pan, Soy Paz, Soy Más” e outra de autoria da gaúcha Duda Brack, “Ouro Lata”. “Samsara” tem distribuição do selo Gatos Pingados e produção executiva e realização de Daíra e Alexandre Valentim.

“Samsara é o meu disco mais “eu”. É um verdadeiro despertar para meu lado de produtora musical e arranjadora. Traz muito da América Latina e os sons do mundo, que habitam em mim. Não tem como eu pensar em música e não pensar em posicionamento perante à vida e luta! Essa dramaticidade que as pessoas comentam vem da minha vivência, meu compromisso com o teatro e meu olhar sobre as coisas. Os tempos não têm sido fáceis!”, conclui Daíra.

Trajetória

“Daíra canta muito. Não tem um sarau lá na minha casa que a Daíra não vá lá e dê um show”, já disse Elba Ramalho (2019, no programa “Por Acaso”, ao vivo no Teatro Rival -RJ).

Daíra começou sua carreira ainda criança, cantando na TV e no teatro. Aos 10 anos, já se destacava no programa Gente Inocente, da TV Globo. Anos depois, lançou em 2014 seu primeiro disco “Flor”, que foi selecionado pelo Prêmio da Música Brasileira,e contou com a participação de Roberto Menescal. Nessa ocasião, a artista lançou o álbum no Teatro Municipal de Niterói e chegou a se apresentar em Brasília com Jaques Morelembaum.

Em “Amar e Mudar as Coisas”, suas interpretações únicas e viscerais dão vida a diversos sucessos do cancioneiro de Belchior, como “Coração Selvagem” e “Alucinação”, além de músicas consideradas “lado B”, caso de “Princesa do Meu Lugar”, que nunca chegou a ser gravada oficialmente por ele. O trabalho conquistou não apenas a admiração do público, como também da família do próprio Belchior e de artistas como Elba Ramalho, com quem Daíra passou a dividir o palco em algumas ocasiões, como em seu trio elétrico no último carnaval em Recife.

Com 22 anos de experiência no canto e 20 anos no teatro, Daíra cursou a faculdade de licenciatura em música e na mesma época se tornava especialista em canto. Sempre foi uma buscadora da voz, do seu fazer artístico, repertório e do seu próprio caminho de expressividade, desinibição e desenvolvimento artístico, até chegar no seu espetáculo “Amar e Mudar as Coisas”.. Antes disso, teve toda uma trajetória no teatro musical, desde os 12 anos de idade.

“Amar e mudar as coisas”:  o mais ouvido do selo Porangaté

À convite do selo Porangareté, Daíra gravou o álbum “Amar e mudas as coisas” (2017), seu trabalho mais conhecido até então e o mais ouvido dos lançamentos do selo, com mais de 1,4 milhão de plays no Spotify.

Com direção artística de Rodrigo Garcia, o selo conta com lançamentos de Cássia Eller, Catia de França, Chico Chico, Júlia Vargas, parcerias com Juliana Linhares e muitos outros. A proposta foi de que o “amadrinhamento” da marca Cássia Eller abraçasse novos artistas de destaque, motivo pelo qual Daíra foi convidada a gravar pelo selo..

O espetáculo Amar e Mudar as Coisas alcançou importantes palcos pelo Brasil, como a abertura do show “Grande Encontro”, em Salvador. Sua já então madrinha musical, Elba Ramalho, participou do seu show no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (encerramento da turnê Brasil), e esta trajetória levou Daíra à categoria de melhor intérprete de Belchior, segundo Elba, outros artistas da MPB e do público.

Daíra teve seu nome citado na primeira biografia em livro de Belchior (“Belchior – apenas um rapaz latinoamericano), e em diversos documentários falando sobre o compositor, tamanho foi o movimento de resgate do poeta que Daíra promoveu.

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