Com gestão de seus resíduos, MRV, maior construtora da América Latina, conseguiu reduzir os números de materiais que seriam descartados e, consequentemente, diminuir seus custos
A MRV, uma das empresas do grupo MRV&CO, nos últimos quatro anos, conseguiu reduzir, de três para 0,8, a quantidade de caçambas de entulho produzido por apartamento. Além disso, em 2021, mais de 139 mil m3 de materiais que seriam descartados foram destinados para a reutilização e reciclagem. Com isso, a companhia diminuiu os custos totais de suas obras nos últimos seis anos.
Números importantes que demonstram a movimentação de grandes players da construção civil para desenvolver ações para mitigar os impactos de seus negócios no meio ambiente e estimular fornecedores e concorrentes por meio de boas práticas, uma vez que o segmento é responsável por cerca de 50% dos resíduos urbanos gerados no país, segundo Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Na prática
José Luiz Esteves da Fonseca, gestor executivo de sustentabilidade da MRV, afirma que a companhia está atenta e busca por soluções inovadoras que aperfeiçoem seus processos, principalmente os ligados aos métodos construtivos, visando uma gestão mais sustentável de todo o negócio.
“Nosso time entendeu que seria mais eficiente invertermos a ordem de nossa produção. Ou seja, antes de iniciar de fato a construção dos prédios, executamos a infraestrutura de pavimentação, drenagens, instalações em geral de todo o canteiro de obras e desenvolvemos as áreas externas e estacionamento. Com isso, conseguimos diminuir a perda de matérias, além de ganharmos mais em produtividade, limpeza e organização na obra. No modo antigo, perdia-se materiais com a chuva, devido a lama que se formava no terreno”, conta o executivo.
A segregação de caçambas por material também tem gerado bons resultados, pois, além de permitir dar o destino correto ao que seria descartado, também se transforma em apoio a projetos sociais. Grande parte dos canteiros de obras da MRV contam com a parceria de cooperativas de catadores devidamente credenciadas, que recolhem plástico, madeira, embalagens, embalagens de tinta, entre outros intens. “Com isso, ganhamos todos! A construtora, que dá um destino adequado aos seus resíduos, as prefeituras que têm reduzido o impacto de resíduos de construção em seus aterros sanitários e as cooperativas, que geram renda para a comunidade local. O resultado: só no ano passado destinamos 139.480 m3 para a reciclagem”, afirma José Luiz.
Outa iniciativa que colabora para a redução de resíduos e desperdício de matérias é o projeto Linha Verde MRV. Dentro da filosofia Lean Construction (Construção Enxuta), esse projeto visa racionalizar os processos construtivos. “Assim, atingimos a sustentabilidade por meio das melhorias aplicadas nos processos em canteiro, tendo como base os sete tipos básicos de desperdícios do Lean, que são: o retrabalho, a superprodução, o estoque, movimentações desnecessárias, esperas, transportes e processos que não agregam”, explica Maria Gabriela Guimaraes, coordenadora de planejamento estratégico de obras da MRV.
Nesse conceito, a esteiras de trabalho nos canteiros são divididas por pacotes, e as equipes trabalham com suas atividades já padronizadas e no ritmo adequado para a produção diária. Dessa forma, com o sequenciamento de obras, elas vão ficando mais produtivas, oferecendo mais qualidade, segurança, gerando menos desperdícios e agregando mais valor ao produto. Até o final deste ano, quase a totalidade dos empreendimentos da empresa serão concebidos a partir da filosofia Lean Construction.
Palavra-chave na gestão de resíduos: monitoramento
A construção civil movimenta uma grande cadeia produtiva que inclui empresas de vários segmentos. Visando estimular e contribuir para a evolução e boas práticas de toda essa cadeia, a MRV convida todos seus fornecedores a participarem de programas de educação e de redução de impactos ambientais.
José Luiz Esteves da Fonseca reforça que a gestão eficiente dos resíduos passa pelo monitoramento integral de todos os dados das obras. Hoje, por exemplo, os caminhões que entram em um canteiro MRV tem o nível de fumaça conferido aleatoriamente. Se esse estiver fora dos padrões corretos, é notificado à empresa, para que eles possam tomar as devidas providências.
“Todas essas e outras ações estão previstas no ‘Visão 2030 MRV’, documento que relaciona as atividades da empresa ao alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo um importante norteador do investimento relacionado à sociedade e meio ambiente”, ressalta José Luiz.