Chega o que? Chega nada! Nunca chega! Quanto mais a gente diz: vou parar por aqui, aí é que não para mermo! Isso é “conversa pra boi dormir”. Armaria! Arrudiei tanto que nem sei mais do que eu ia falar! Ah lembrei!
Pra mim chega, neste caso, é dizer que, a partir de hoje, vou falar menos! Quem acredita nisso? Ninguém, né? Muito menos, eu! Embora, eu precise rever meus conceitos, de forma primordial e urgente.
Apoi lá vai! Marquei com uma pessoa pra falar de trabalho, parcerias, etc e tal. Me conhecendo como eu me conheço e desconheço, às vezes, na noite anterior, escrevi no meu caderno, numa folha inteira, pra fixar no quengo: vou falar pouco, vou mais ouvir do que falar, vou deixar a pessoa falar e eu vou só responder, falar pouco, falar pouco, falar pouco…
Não falei! Fiz exatamente o contrário. Falei muito e muito mais que de costume. Parecia um carro sem freio numa ladeira. Em duas horas, contei a minha trajetória de oito anos, como humorista. O póbi! Será que a parceria vai resistir a tanto falatório? Daqui que a pessoa processe tanta informação…ah meu pai, segurai minha língua!
Até que a fono, Fátima Dantas, tentou, uma vez, mas, não deu certo! Eu comentava com ela, que, no fim do dia, eu tava tão cansada como se tivesse limpado um roçado enorme.
– Como pode se eu trabalho só com a voz?
Ela respondia:
– Como assim, só com a voz? O cansaço é justificado justamente porque você trabalha com a voz que é energia pura.
– Apoi, minha santa, com o tanto que falo, vou enricar, já que sou uma fonte de energia renovável. Vem cá! Será que a pessoa, além de falar muito, ainda falar alto, enriquece mais?
Silêncio como resposta!
Marminhanossa! Como vim parar aqui? Tá vendo? É palavra demais dentro de uma pessoa só. Quando não sai pelo gogó, sai pela ponta dos dedos, pelo pensamento…avi! Cansei! Pra mim chega! Por enquanto!