Ação mostra potencial de criação dos brasileiros para gerar soluções com grande foco na transformação social
Na última quinta-feira (03), a MRV&CO realizou a primeira edição do Prêmio Habitability. A ação foi concebida para homenagear indivíduos que pensam e projetam o futuro do habitar, tendo ao seu alcance, entre outras ferramentas, a capacidade de criar soluções para as cidades e para o coletivo.
A primeira edição do Prêmio Habitability foi idealizada em uma parceria entre a plataforma de soluções habitacionais MRV&CO, responsável pelo portal Habitability, e pela Trip – criadora do respeitado e tradicional prêmio Trip Transformadores. Durante o evento, que teve Dan Stulbach como mestre de cerimônias, foram homenageados cinco, entre os mais de 140 indicados, para receber o troféu pelos projetos criados. A ação mostra o potencial de criação dos brasileiros, principalmente, para gerar soluções com grande foco na transformação social e com a escuta ativa para problemas. Enfatiza ainda a relevância das empresas em se mostrarem abertas e conectadas com soluções que além de gerar valor, transformam o futuro.
Eduardo Fischer, CEO da MRV&CO, convidou os presentes a refletir sobre o amanhã que queremos. “Precisamos decidir se seremos engolidos ou se nos transformaremos nos agentes da mudança que desejamos. Inovar e evoluir é o caminho e precisamos pensar juntos e buscar perspectivas para vivermos em um mundo melhor”.
Os homenageados do Prêmio Habitability foram indicados por um conselho consultivo formado por profissionais com conhecimento e experiência singulares, como o arquiteto e fundador da Escola da Cidade Ciro Pirondi, a arquiteta e urbanista brasileira Raquel Rolnik, o ambientalista João Capobianco, a arquiteta, designer e pesquisadora brasileira Rita Wu, a física Sonia Guimarães, a arquiteta Gabriela de Matos, a artista e acadêmica Giselle Beiguelman, o cientista Silvio Meira, o biólogo e administrador Roberto Waack , a engenheira e cientista de dados Haydée Svab, o co-fundador e COO da Gerando Falcões Lemaestro e o botânico e paisagista Ricardo Cardim.
O evento contou com show da cantora Josyara e Jaques Morelenbaum e teve o apoio de Believers, empresas que acreditam na proposta do evento, na jornada da plataforma Habitability e que têm valores compartilhados com o grupo MRV&CO. Assim, empresas como Eliane Revestimentos, Arcelor Mittal, Luggo, Atlas Schindler e Inter ofereceram as categorias que homenagearam as ações.
Eduardo Fischer ressaltou também que é preciso pensar e repensar o futuro e que esses projetos, além de questionar o agora, apresentam propostas para fazer melhor o agora. “A escolha dos homenageados não foi tarefa simples, como também não é simples pensar no futuro da habitação. Afinal, habitação é muito mais do que uma casa ou apartamento. É a gente vivendo ali, com outras pessoas e todo o ambiente à nossa volta. Em menos de 10 anos nós teremos 8,5 bilhões de pessoas nesse planeta, convivendo em sociedade. Por isso é tão importante discutir e criar alternativas para um futuro que chega cada vez mais rápido. Alternativas que tornem as cidades mais sustentáveis, melhores para nós e melhores para o planeta são essenciais”, enfatizou.
Para o fundador da Trip e criador do Prêmio Trip Transformadores, Paulo Lima, a premiação trouxe consigo transformação e visibilidade para um tema tão importante. “Criar o prêmio Habitability a quatro mãos com a equipe da MRV&CO, além de um enorme privilégio, foi de verdade apaixonante para toda a Trip. Por ser algo inédito e envolver questões tão fundamentais para um Brasil mais digno e justo e por ser nosso primeiro trabalho com a empresa, que genuinamente quer construir um Brasil melhor. Aproximar as iniciativas inteligentes e eficazes de desenvolvimento social e urbano das grandes empresas é parte da missão transformadora que a Trip persegue há mais de 36 anos. Ficamos muito felizes com o sucesso dessa iniciativa”, finaliza.
Confira a lista completa:
Michelle Prazeres – Desacelera SP (categoria convivência)
Michelle criou um movimento que propõe um ritmo de vida mais lento para sociedade. A iniciativa, inicialmente focada na promoção do bem-estar individual, caminhou para pensar coletivamente novos modelos de cidade, que privilegiem as saúdes física e mental, a convivência afetiva e a luta contra a emergência climática. Professora da Casper Libero, pós-doutorado em Comunicação e Semiótica tem sua pesquisa embasada nas interfaces entre comunicação, tecnologias e aceleração social do tempo. O projeto Desacelera SP atua na formação e reflexão; mobilização e ativação de rede; e produção e curadoria de conteúdo relacionado ao universo do slow. Um resgate do orgânico e do artesanal, em defesa do consumo consciente e da economia solidária.
“A categoria que fomos premiados foi a convivência e convivência é sobre comum, sobre espaço comum. A aceleração não é só técnica, ela é social, ela está relacionada a uma dimensão do progresso que aprendemos a construir e isso está condenando a gente. Convivência é sobre estar no mesmo espaço, vivendo em comum, com sentido, com vínculo. A aceleração acaba com isso, por isso precisamos desacelerar para ser humano na cidade”, expõe a homenageada.
Carina Guedes e Luciana da Cruz – Arquitetura na Periferia (categoria Transformação)
A ONG Arquitetura na Periferia tem como objetivo a capacitação de mulheres para construírem e reformarem suas próprias casas. O projeto visa a melhoria da moradia para mulheres da periferia, por meio de um processo onde elas são apresentadas às práticas, técnicas e planejamento de obras e recebem um microfinanciamento para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas casas. A ação é centrada em favorecer a autonomia das participantes, ampliando sua capacidade de análise, discussão, prospecção, planejamento e cooperação, o que por fim leva a um aumento de sua autoestima e confiança.
“O projeto começou dentro da UFMG, uma universidade pública. Ficamos muito felizes de ter a oportunidade de devolver para a população todo esse conhecimento. A ideia vem muito disso, do compartilhamento de conhecimento e de falar de transformação. E a transformação é além do espaço, o mais incrível é ver a transformação interna de todas”, comentam as representantes do projeto.
Eduardo Ávila – RevoluSolar (categoria Consciência)
Desde 2015, a associação sem fins lucrativos RevoluSolar atua no Morro da Babilônia e no Chapéu Mangueira, regiões do Rio de Janeiro, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável das comunidades, por meio da energia solar. A iniciativa já levou o acesso à energia solar para empreendimentos comerciais e espaços públicos, como escolas e creches, por meio de usinas fotovoltaicas instaladas nas comunidades. Além disso, a entidade promove capacitações profissionais e oficinas educativas.
Recentemente, inauguraram a primeira Cooperativa de Energia Solar em uma Favela no Rio de Janeiro e estão montando um Projeto na Amazônia: o Projeto Kurasí Tury é um piloto da RevoluSolar de um novo modelo energético para comunidades indígenas na Amazônia, o modelo busca a geração própria de energia sustentável e acessível, que mantenha a floresta de pé, valorize a cultura local, e promova condições para o desenvolvimento sustentável.
“Na faculdade nós estudávamos muito sobre transição energética, energias renováveis e como isso é bom tanto para o meio ambiente, quanto para a sociedade e para o bolso. Mas do lado, víamos a realidade das duas favelas. Caía a luz de 2 em 2 dias, ficava dias sem luz, contas que os moradores não conseguiam pagar e aquilo não estava certo. Hoje nós temos tecnologia para novas soluções, é possível colher saberes e inteligências das comunidades, do coletivo, da alta gestão e usar novas tecnologias. Nós fizemos a instalação, mas também capacitamos moradores, crianças e adolescentes para essa revolução solar”, relata Eduardo.
Júlia Peres e Victoria Braga – RUÍNA (categoria Sentidos)
A RUÍNA Arquitetura trabalha em prol de uma maior consciência socioambiental, bem como a valorização dos materiais enquanto incentiva a reutilização como uma alternativa para a indústria da construção civil. Em sua prática, criam novas possibilidades para materiais recuperados, reduzem a quantidade de resíduos de demolição e, com eles, fornecem materiais de construção com um menor impacto ambiental. A ação foca em um processo circular com a intenção de reduzir ao máximo o entulho proveniente da demolição – e com isso reduzir inclusive os custos da obra -, traçando estratégias de reaproveitamento dos materiais de modo que eles retornem à função original ou sejam incorporados a uma nova utilidade.
“Nós somos um escritório jovem, encabeçando duas mulheres que acreditam intensamente no poder de transformação da arquitetura, socialmente e ambientalmente. Estamos muito felizes com esse prêmio”, comemoram as sócias.
Simony César – NINA (categoria Caminhos)
Eleita pela Forbes Under 30 como destaque da inovação e tecnologia em 2020, a publicitária Simony desenvolveu a startup NINA – que oferece tecnologia integrada a diversos aplicativos para padronizar, centralizar e rastrear denúncias de assédio e violência na mobilidade urbana, além de influenciar, com base em dados, a criação de políticas públicas. A plataforma tem como missão contribuir na construção de cidades mais inteligentes para, dessa forma, ampliar a segurança das pessoas.
“Eu gostaria que esse trabalho não fosse necessário, que as mulheres não tivessem esse medo de sair de casa. Mas quero que a Nina colete dados não só em Fortaleza, mas em outras regiões do país. Queremos estender a operação da Nina, porque políticas devem ser feitas de forma mais assertiva e fazemos isso com base em dados”, afirma Simony.