“O amor tá nas alturas”

O amor tá nas alturas do mirante da Balaustrada das Trincheiras, no bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa.

Saindo do Sabadinho Bom, aparece uma carona, com um casal amigo. Eu toda estropiada de tanto dançar, achando que ainda tenho 18 anos e doida pra chegar em casa, acabei aceitando, mas, não demorou muito, já comecei a me arrepender. Pense num remancho! Foi quando percebi que a rota tinha sido mudada.

– Ei. Eu num moro aqui não, viu! (eu sou a abusada que pega carona e fica dando pitaco na rodage que o dono do carro escolhe seguir).

Depois do arrudei, chegamos a balaustrada, nome difícil pra definir uma bela construção do começo do século 20 e que, infelizmente, faz parte do abandono em que se encontram as construções daquele bairro. Lembrei que já tinha feito matéria pra TV naquele local. Isso foi há mais de 20 anos e as construções ali já não eram muito bem tratadas. Tá bem pior!

Registrada a tristeza pela “vista grossa” de quem deve e é pra resolver, quero me ater às emoções proporcionadas pelo lugar com um mirante onde o espetáculo do por do sol é garantido e incrível.

Estávamos nós observando o espetáculo da natureza, quando chega um casal jovem, senta na mureta da balaustrada e, logo, é arrebatado pela beleza vista por meio do mirante: além do por do sol, a visão da comunidade a perder de vista e a certeza de que João Pessoa não cansa de ser linda. E eu, igualmente, deslumbrada pela magia do amor que não tem prédio abandonado que destrua.

Mas, a cena mais impressionante ainda tava por vir. Quando faltava uma peinha de nada pro sol se por, o casal jovem começou a aplaudir, num gesto de respeito e amor pelo espetáculo que só a natureza nos dá. Deu vontade de chorar! Além de estropiada, agora eu também tava emocionada. Não tinha como ser diferente. O aplauso é o retorno pelo encantamento do “show”.

Em tempos de relações líquidas, onde criar expectativas é mesmo que paçoca de amendoim que do nada se esfarela, nunca vou esquecer da cena daquele casal de jovens. Enfim, saímos dali com a sensação de que o amor sempre vence, apesar de…

O caminho “errado” acabou me levando ao lugar certo que inspira e convida o amor para estar nas alturas. Resistindo e tendo o sol como testemunha.

Sim! O amor deve tá nas alturas! Sempre!

Eu vivo do jornalismo, desde quando me formei, no início dos anos 90. Até que em 2014 passei a desempenhar mais uma função: a de humorista. Há quem diga que sou uma jornalista engraçada e eu digo que o humor sempre esteve presente na minha vida. Desde criança. Afinal, sou filha de pais bem munganguentos. Aprendi com eles a rir de nós mesmos. Isso ajuda nos momentos mais sérios da vida. Há 10 anos, resolvi “empacotar” esse humor orgânico e botar “à venda” em forma de standup, textos, crônicas, podcasts e criação de conteúdo para o insta: @romyeschneider.

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