Semam realiza campanha para conscientizar população sobre prática de soltar fogos de artifício

Em plena Copa do Mundo de Futebol e com a temporada de festas de fim de ano se aproximando, a Prefeitura de João Pessoa está realizando uma campanha de conscientização em rede social sobre a prática de soltar fogo de artifício. Com o slogan ‘A comemoração só é boa quando todos se divertem’, a iniciativa faz alusão aos males causados pelo barulho dos fogos de artifício aos idosos, bebês e pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), além dos animais. A campanha, realizada pela Coordenadoria de Bem-Estar Animal da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), tem alcançado uma boa adesão da população.

“Iniciamos uma campanha contra os fogos de artifício com a divulgação de postagens nas redes sociais e vídeos, nos quais, nosso veterinário dá dicas para conscientizar a população sobre os males causados aos animais pelo excesso de barulho e como protegê-los”, explica Ítalo Oliveira, coordenador de Bem-Estar Animal da Semam.

O veterinário Israel Rodrigues fala que o estresse, medo e ansiedade são as reações comportamentais mais comuns sofridas pelos animais em decorrência do barulho de fogos de artifício. “A audição dos cães, por exemplo, é cinco a dez vezes maior que a humana”, explica.

Em um dos vídeos da campanha, o especialista orienta que “o ideal em dia de jogos da Copa do Mundo, principalmente em jogos do Brasil, é colocar o animal dentro de um quarto com ambiente fechado, ligar o ar-condicionado ou ventilador e colocar som ambiente. Tudo para abafar o som dos fogos. Em caso mais extremos, o tutor do animal deve procurar um médico veterinário”.

O estudante Vítor Costa sabe bem o que é enfrentar uma situação de estresse com seus animais devido o barulho dos fogos de artifício. Ele tem em casa cinco cães que ficam muito assustados durante as explosões. “Eles já chegaram a quebrar a porta para entrar em casa no período de São João. Tento acalmá-los e mantê-los perto de mim, pra que, mesmo assustados, se sintam mais protegidos”, afirmou.

Nas pessoas – Os efeitos sonoros de fogos e rojões também incomodam pessoas doentes, bebês, idosos e principalmente quem tem Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). “Um público que tem mais efeito negativo em decorrência dos sons dos fogos de artifício são pacientes que têm autismo, que possuem uma hipersensibilidade auditiva”, ressalta Roberto Leitão, pediatra do Hospital Infantil Municipal Valentina. Pessoas idosas, por sua vez, possuem, em sua maioria, doenças que as deixam mais vulneráveis a estresse e ansiedade.

O psicólogo Júlio Américo, pai de Pedro, de 13 anos, que tem autismo, ressalta a importância do poder público realizar campanhas de conscientização como essa, que tem o foco os fogos de artifício. “Meu filho perde um pouco a coordenação motora diante de barulhos muitos fortes e demonstra certa agonia com sons que pra ele são muito estridentes”.

Fabíola Brito, que é enfermeira e mãe de Renato Brito, de 14 anos, que é autista, fala que, infelizmente, muitas pessoas ignoram a essência das campanhas por não se colocarem no lugar do outro. “Acho primordial campanhas de conscientização contra os barulhos produzidos pelos fogos de artifício, porque pessoas com autismo têm hipersensibilidade sonora e dificuldade de lidar com esse tipo de situação”.

Renato também deu a opinião sobre o assunto. “Eu me incomodo muito, porque o som é longo. Quando o barulho é perto, me incomoda ainda mais. Eu me afasto do barulho porque dói os ouvidos. Deveriam sempre usar fogos sem som”, relatou.

A psicóloga Célia Chaves também é mãe de autista – Luiza, de 15 anos. Ela reforça a importância da campanha. “É difícil romper com costumes tradicionais, mas eu superabraço essa campanha. É uma campanha muito importante pra que a gente pense um pouco no sofrimento do outro”, observa.

Ângela Costa/Foto: Kleide Teixeira

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui