Brincadeiras, diversão, música, bandas marciais, cuidados, inclusão. Assim foi a 21ª edição da Tardezinha Inclusiva, que aconteceu neste domingo (24), no Centro Cultural de Mangabeira. O evento, realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e Associação Paraibana de Autismo (APA), comemorou o mês da Independência do Brasil, mas principalmente, a independência das crianças autistas e T21.
“Estamos com a ação da Tardezinha Inclusiva há dois anos e ela vem tendo um constante crescimento e um sucesso porque estamos conseguindo a adesão das mães, das crianças, e nós estamos observando um desenvolvimento das crianças nas suas relações sociais”, comemorou o diretor-executivo da Funjope, Marcus Alves.
Ele enumerou que a Tardezinha Inclusiva promove shows, apresentações das próprias crianças, mas também cuida das famílias com atendimento psicopedagógico e jurídico. “Conseguimos fazer um atendimento social a partir do trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) que está conosco. É muito gratificante esse projeto, uma das grandes ações da Funjope”, frisou.
A presidente da Associação Paraibana de Autismo (APA), Hosana Carneiro, também ressaltou o sucesso da Tardezinha. “Chegar aqui e encontrar uma de nossas autistas no palco com a banda marcial da Escola Municipal Padre Pedro Serrão é emocionante e muito importante. Saber que nós estamos trabalhando para fazer inclusão de verdade. São crianças que participam conosco há quase dois anos. É a certeza de um dever e um trabalho cumprido, feito com amor. Não há palavras para descrever”, resumiu.
“A Tardezinha é um projeto de cultura social onde juntamos mães, pais, a família e a pessoa com deficiência. A ação tem crescido, envolvendo a comunidade de João Pessoa, de Santa Rita, de Cabedelo, que aproveita o espaço para se divertir com a família. Aqui temos, além da atração cultural, atividades educativas como jogos, pintura, atendimento psicopedagógico, orientação sobre os direitos da pessoa com deficiência, um grupo de advogados que está apoiando”, declarou Edineide Jezine, integrante do Centro Incluir.
“A família atípica gosta dessa vivência porque cada mês temos um tema diferente para oferecer. Elas não se incomodaram com o barulho da banda marcial e vivenciaram isso porque o mundo não vai parar para o autista. Vai ter buzina de carro, trovoada. Então, eles precisam se esbarrar com isso para poder conquistar a tão sonhada independência. Uma criança que lá no início, toda vez que me via, me batia e hoje trouxe para mim uma carta de amor dizendo ‘eu te amo, Nik’. Isso, para mim, é independência”, declarou, emocionada, Nik Fernandes, uma das organizadoras do evento.
Famílias – Para as famílias, além de ser um momento de lazer para os filhos, é também um ambiente de descontração para pais e mães. “Eu acho muito interessante. É um projeto muito bem pensado. Nós, que vivemos nesse meio de terapias, não temos tempo de lazer com eles e aqui é um lugar para isso. Até nós, que somos mães, nos divertimos. Eu volto a ser criança”, comemorou a cuidadora Kelliane Lira, mãe de autista.
Para o encarregado de uma distribuidora, José Paulo Hermínio, também pai de autista, a Tardezinha é essencial. “É uma ótima ideia, um local onde se reúnem várias crianças com suas diferenças. Podemos tirar nossos filhos de casa. Ficamos sabendo do evento e viemos pela primeira vez. Agora todo mês estaremos aqui. Evento maravilhoso”, destacou.
A vendedora Luzinete Maria da Silva Araújo contou que mal sai de casa para cuidar da filha de 18 anos que tem transtorno bipolar. “Para mim, foi muito bom descobrir a Tardezinha Inclusiva, podemos sair para arejar um pouco, já que o dia a dia é tão sobrecarregado. Ela também se diverte muito”, relatou.
Este domingo foi a primeira vez que a dona de casa Adrielle Marques participou da Tardezinha Inclusiva. “Estou amando. Minha filha de 10 anos tem autismo e esse é um momento que ela está aproveitando para interagir. Ela ficou solta, brincando. É excelente”, comentou.
Programação – As atividades da Tardezinha incluíram a Turma Tá BLZ com a cantora Nik Fernandes, o DJ Jhonny Fernandes com sua playlist personalizada; os personagens Mario Bros e o Sonic; palhaças Baba Baby e Kika, apresentação musical do autista Lucas.
Participaram a Banda Marcial Municipal Infantil Pedro Padre Serrão e a Banda Marcial Luiz Ramalho; o cantor mirim Rafaell Star; convidado especial o Rei do Brega Levy Reis e Alemão dos Teclados e ainda o mágico Smith.
Na programação teve também oficinas de artes, de massinha de modelar, de beleza para as mães; oficina da fonoaudióloga Linzabely Souza e da psicopedagoga Sabrina Medeiros; oficina da Clínica Metamorfose e também oficina de cuidados da equipe da Escola Técnica São Vicente de Paula, com serviços de estética, enfermagem e tranças; oficina de gesso do Espaço Happy; de Cosplay Imaginação; Cabana Bakana e oficinas da equipe Bellas Artes, e ainda brinquedos infláveis da Cindy Festas.
Foi oferecido ainda atendimento das assistentes sociais da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e atendimento jurídico com a equipe do escritório Jansen Dornelas, que ofereceu informações jurídicas às mães carentes, famílias que não têm condição financeira e sem conhecimento sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC) a que têm direito. Também foi realizada a Feirinha Inclusiva com produtos feitos pelas mães, como peças de artesanato e doces.
Lucilene Meireles
Foto: Samuel Silva