“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Se tem algo nessa frase do educador Rubem Alves que está sendo muito bem compreendido pelos integrantes do sistema educacional da Prefeitura de João Pessoa é a parte que fala das asas. O entendimento de que o conhecimento abre caminhos para a liberdade vem sendo compartilhado a partir de vários projetos colocados em prática por secretarias municipais.
É por isso que a Prefeitura organiza esse sistema de maneira que ele vá além do currículo regular de seus alunos e enxerga, em todas as áreas, oportunidades para criar pessoas capazes de pensar e fazer coisas novas e não simplesmente repetir protótipos das gerações que já passaram. E para que as ideias sejam mais que palavras no papel, secretarias como Educação e Cultura (Sedec), Ciência e Tecnologia (Secitec), Juventude, Esporte e Recreação (Sejer) e até Saúde (SMS) têm andado de mãos dadas para promover uma verdadeira revolução educacional.
Para que você possa conhecer um pouquinho do que está sendo promovido na Rede Municipal de Ensino de João Pessoa com o propósito de dar aos alunos a oportunidade de bater asas e voar alto, vamos fazer um passeio por alguns dos projetos desenvolvidos.
Balé Bolshoi – “O mundo é todo seu. Voa!”. Essa é a frase que George Nascimento de Castro, de 10 anos, mais tem ouvido da mãe Tatiane Nascimento Monteiro de Castro. E vejam como o entendimento dela coaduna com a do educador que citamos no início desta reportagem. A frase ouvida pelo pequeno aluno da Escola Integral Professora Ana Cristina Rolim Machado, em Mangabeira, é o incentivo diário para ele perseverar no caminho do balé, da boa educação e da concretização de sonhos futuros.
George é uma das mais de 20 crianças que irão viajar para Santa Catarina, em outubro, para participar da seleção nacional do Balé Bolshoi – um dos grandes projetos que envolvem a Secretaria de Educação e Cultura (Sedec). Os alunos irão acompanhados de cinco professores com tudo pago pela Prefeitura, desde as passagens de avião até hospedagem e passeios que darão a eles a chance de visitar a cidade.
George está empolgado e não vê a hora de chegar o dia da primeira grande aventura de sua vida. “Eu sei que vai ser muito bom. Eu vou lá para passar na seleção e trazer essa vaga para a Paraíba. No começo eu nem sabia o que era o Bolshoi, meu irmão gêmeo que me inscreveu. Mas quando eu conheci, vi que era muito bom e agora quero ficar”, confirmou o menino.
A empolgação do garoto e da mãe é compartilhada com a secretária executiva de Educação e Cultura de João Pessoa, Luciana Dias. Para ela, projetos como o Bolshoi e tantos outros estruturados na Rede Municipal de Ensino transformam as crianças em protagonistas da própria história e da história de toda uma geração.
“O ensino municipal aqui de João Pessoa vai desde a Educação Infantil ao Fundamental I e II. Os nossos alunos saem da rede municipal plenamente capacitados a ingressar no ensino médio, a concluir, a dar continuidade nos seus estudos. São adolescentes que entram no ensino médio, mas com uma base sólida. Por que uma criança nessa idade quer fazer isso [ir para o Bolshoi]? Porque ela é protagonista, ela sabe dizer o que ela quer, o que pensa. E a ideia na rede pública é isso, é aprendizagem e autonomia para essas crianças, para que elas possam se colocar e enfrentar esse mundo futuro. Uma pessoa que sabe se colocar, dialogar, vai estar muito melhor, muito mais embasada na vida”, salientou Luciana Dias.
José Valdenilson Lima dos Santos e Raysla Ribeiro de Sousa, respectivamente pai e madrasta de Ana Raquel, de 9 anos, concordam com cada palavra da secretária. Eles tiraram a menina de uma escola privada e a colocaram na rede pública por confiarem plenamente na Educação que vem sendo praticada em João Pessoa. E foi aí que começou a história da pequena Aninha no Balé Bolshoi. Ela se inscreveu, passou na primeira etapa e agora já está preparando as malas para viajar até Santa Catarina. Um dos itens que ela vai levar na bagagem é a alegria e o incentivo dos pais ao ver que a filha está crescendo com um caminho cheio de portas abertas para um futuro promissor.
“Ana Raquel começou na ginástica artística, também projeto da Prefeitura, e depois conheceu o balé e se encantou. Agora estou fazendo meu papel que é dar total apoio. Nós estimulamos, mostramos o caminho, verificamos os riscos e os cuidados necessários, e aqui vemos que tudo é feito com total responsabilidade. Vamos ficar com saudade, mas essa primeira viagem será rápida e nós confiamos na equipe que irá viajar com ela”, conta o pai.
Aninha responde a tudo isso com um sorriso estampado no rosto e uma frase que resume tudo. “Vai ser muito bom!”, diz a aluna da Escola Carlos Neves da Franca, localizada no bairro José Américo.
A confiança dos pais dos alunos que irão encarar a seleção nacional do Bolshoi não acontece sem razão. A coordenadora do projeto, Fernanda Albuquerque, revela todo o cuidado com a preparação e também com a viagem que farão. Afinal, ela tem consciência da responsabilidade que compete à equipe que irá acompanhar os alunos da rede municipal.
“A gente começa a fazer a organização da viagem com seis meses antes, para que tudo dê certo, para que as crianças possam chegar lá com tudo que elas têm direito. Possam fazer uma boa avaliação e, no final, obter o resultado que é o que todas elas querem, ser aprovada no Bolshoi. Todas as condições necessárias a gente está organizando, como hospedagem, o translado. Inclusive, a gente vai uns dias antes, que é para a criança poder se adaptar e não chegar e já entrar numa avaliação, que é avaliação pesada, puxada, até porque a concorrência é muito grande. É uma responsabilidade grande, mas é algo que a gente faz com muito carinho, muita dedicação e muito amor. A gente sabe que vai transformar a vida dessas crianças”, resumiu.
Caso as crianças que estão indo para a seleção nacional do Bolshoi sejam aprovadas, elas se juntarão a outras 14 – 13 meninos e uma menina – que já estão estudando lá e sendo beneficiadas com uma estrutura que se destaca nacionalmente. João Pessoa é a única Capital no país que mantém esses meninos e meninas em Santa Catarina com tudo pago. Casa, comida, vestimenta, escola e passagens duas vezes por ano para visitar a família.
Celest – O Centro Escolar Municipal de Línguas Estrangeiras atua no sentido de revelar aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II que não há fronteiras que os impeçam de sonhar. Lá, os profissionais promovem o ensino de línguas estrangeiras com qualidade e de forma facilitada, visando fortalecer e desenvolver responsabilidades de natureza social, profissional e cultural. E esse é o segundo momento da nossa viagem pela Educação de João Pessoa.
Nice Almeida