A Saúde da Paraíba realizou mais um procedimento inédito na cidade de Campina Grande, desta vez para proporcionar mais qualidade de vida a um paciente que sofria com os sintomas da doença de Parkinson. Trata-se da cirurgia para estimulação cerebral profunda (ECP) – do inglês Deep Brain Stimulation (DBS), técnica de neuromodulação que ganhou espaço no manejo de diferentes condições clínicas. O procedimento foi realizado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), em cooperação com o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, onde a Fundação gerencia o serviço de Hemodinâmica.
De acordo com o neurocirurgião responsável pelo procedimento, Andrew Batista, o DBS é uma técnica segura e eficaz, utilizada no tratamento da doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento, além de transtornos psiquiátricos refratários. “A cirurgia consiste no implante de finos eletrodos no interior do cérebro que são conectados, embaixo da pele, a um gerador [ou marca-passo], colocado na parte anterior do tórax; o objetivo é gerar estímulos diretamente em áreas cerebrais específicas, ajudando a reduzir sintomas motores como os tremores e a rigidez muscular observados na doença de Parkinson, uma vez que não haja controle adequado com o uso de medicações”, explicou Andrew.
O paciente que passou pelo procedimento tem 58 anos de idade, reside em Campina Grande e já convivia com os sintomas do Parkinson há cerca de oito anos. Segundo o neurocirurgião, a doença já comprometia significativamente a rotina do paciente. Conforme explicou o médico, após o DBS, a expectativa é de que ele tenha melhor controle do quadro motor e, assim, ganhe mais independência nas atividades diárias, o que é crucial para o bem-estar físico e emocional dos portadores de Parkinson.
O neurocirurgião responsável pela cirurgia acrescentou que durante o procedimento é possível observar a resposta clínica à estimulação do alvo onde o eletrodo é implantado. Ao longo do ato operatório, diferentes profissionais examinam o paciente, que permanece acordado e em contato com a equipe. “Contudo, logo após o implante dos eletrodos, o gerador permanece desligado, de maneira que os efeitos da estimulação serão melhor observados, em média, após quatro semanas da cirurgia, quando religamos o marca-passo”, disse Andrew.
Atualmente, segundo a coordenadora administrativa da Hemodinâmica de Campina Grande, Thaise Holanda, esse tipo de procedimento é realizado pelo SUS na Paraíba tendo como referência o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires. “Nós temos um grande marco porque conseguimos realizar, pela primeira vez, a cirurgia na cidade de Campina Grande, e inteiramente via SUS”, afirmou a gestora.
Para a diretora de Atenção à Saúde da Fundação, Ilara Nóbrega, a realização desta cirurgia reforça o papel da PB Saúde como uma instituição de referência no estado, destacando-se pela qualidade dos serviços oferecidos e pela constante busca por inovações no campo da saúde.
“A atuação da PB Saúde em Campina Grande continua a se expandir e a se especializar, proporcionando à população acesso a tratamentos que anteriormente eram realizados apenas em grandes centros urbanos. Ao oferecer essa tecnologia em Campina Grande, a Fundação não só eleva o padrão de atendimento na região, como também proporciona aos pacientes a oportunidade de receber cuidados especializados perto de suas comunidades, sem a necessidade de deslocamentos longos e desgastantes. Essa iniciativa é um passo crucial para a democratização da saúde”, relatou Ilara.
Hemodinâmica de Campina Grande
Com dois anos de funcionamento, o serviço de Hemodinâmica de Campina Grande realiza atendimento nas áreas de cardiologia intervencionista, neurorradiologia e endovascular. Nesse período, a unidade já registrou mais de 6,2 mil procedimentos. Para ter acesso ao serviço, os usuários precisam ser regulados, seja para atendimentos de urgência ou eletivos. Ou seja, o paciente precisa dar entrada em uma alguma unidade de saúde do seu município e a regulação realiza o contato para análise do perfil e o devido encaminhamento.