Quatro em cada dez brasileiros engordaram na quarentena, segundo estudo realizado por um grupo de pesquisadores das áreas de endocrinologia, psicologia e patologia. Os números a mais na balança são um alerta para a saúde e despertam uma preocupação, pois a obesidade é o fator mais relacionado com a morte de pessoas com menos de 60 anos por Covid-19. Atualmente, 60,3% da população adulta é classificada com excesso de peso, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesta quinta-feira (4), Dia Mundial da Obesidade, a nutricionista do Sistema Hapvida, Sonalle Carolina alerta que o sobrepeso é um fator de risco para Covid-19 e explica que a imunidade possui papel decisivo na infecção por coronavírus e que alguns estudos sugerem que o Sars-CoV-2 pode invadir os adipócitos, que são as células de gordura, tendo assim facilidade em reproduzir.
“O excesso de gordura além de comprometer a imunidade ainda compromete a capacidade respiratória. Com o abdômen mais volumoso o obeso tem os pulmões mais comprimidos. É possível que a infecção se torne mais exacerbada no obeso do que em alguém que respire sem nenhuma obstrução”, esclarece.
A nutricionista ressalta que nesse período de pandemia, em que se fez necessário a quarentena e o distanciamento social, a rotina alimentar da população foi modificada. Com a redução da jornada de trabalho e estudo, as pessoas tiveram mais tempo para produzir refeições elaboradas e, na maioria das vezes, mais calóricas.
“O alimento não tem apenas valor nutricional, ele possui valor emocional também, as famílias passaram a ter mais tempo à mesa, a mais refeições durante o dia. O supermercado se tornou o shopping no meio da pandemia. O consumo de refeições pedidas pelos aplicativos de delivery cresceu. Ficou mais fácil desconectarmos dos sinais de fome e saciedade, além de estarmos sujeitos a novos motivadores para o ato de comer. Assim, muita gente acabou ganhando peso durante este período”, destaca Sonalle Carolina.
Obesidade x Emoções – Quem compartilha do mesmo pensamento que a nutricionista Sonalle, no sentido de o alimento possuir um valor emocional, é a psicóloga, também do Sistema Hapvida, Rafaela Amorim, que explica que há diversos fatores que podem ter contribuído para o aumento do índice de obesidade na pandemia.
“Em primeiro lugar, ela pode ter funcionado como gatilho para levar o indivíduo a comportamentos alimentares exagerados, a partir da maneira como ele enxerga a situação. Sabemos que a relação com a comida pode trazer prazer e, às vezes, se faz importante enxergar as emoções camufladas nos hábitos alimentares do indivíduo, ou seja, para algumas pessoas, comer pode ser uma estratégia para lidar com pensamentos e emoções que causam desconforto”, explana.
A psicóloga lembra ainda que o fato de a pandemia ter gerado uma desadaptação na rotina, nos hábitos e no estilo de vida, seja pelo isolamento social, o trabalho remoto e ausência de atividades físicas, esses fatores podem ter contribuído para o aumento de emoções negativas, que por sua vez, podem alterar a relação com a comida.
Caminhando na mesma direção apresentada por Sonalle Carolina e Rafaela Amorim, está um estudo desenvolvido por um grupo de pesquisadores das áreas de endocrinologia, psicologia e patologia, em que foi apontado que 71% dos pesquisados passaram a comer mais alimentos ricos em carboidratos, 60% não fizeram atividades físicas e 40% aumentaram o consumo de álcool.
Prejuízos – O aumento de peso não interfere apenas na parte física, mas afeta também a saúde mental, afetiva e social dos indivíduos, conforme explica a psicóloga Rafaela Amorim. “Entre os problemas vivenciados, podem-se destacar ansiedade, dificuldade nos relacionamentos, timidez, insegurança, distúrbio dismórfico corporal, depressão, distimia, excesso de preocupações, preconceito e medo do julgamento”, elenca.
Tratamento – No que diz respeito ao tratamento da obesidade, esse se dá de modo multiprofissional e engloba a reeducação alimentar, atividade física e acompanhamento psicológico e, em alguns casos, se faz necessário o uso adequado de medicação. “O indivíduo com sobrepeso e obesidade de iniciar a rotina de hábitos saudáveis, buscando um nutricionista e iniciando a atividade física, estando atento aos protocolos de cuidado da Covid-19, sem realizar dietas extremistas para perder peso, a restrição calórica intensa também causa disfunção no organismo que vai tentar se adaptar a falta de calorias e não será eficiente em proteger das possíveis infecções”, alerta a nutricionista Sonalle.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Múltipla Comunicação