Ricardo Barbosa contesta declarações “negacionistas e beligerantes” de Bruno Cunha Lima sobre pandemia

O deputado estadual Ricardo Barbosa, líder do bloco de partidos do Governo na Assembleia Legislativa, classificou de “infundadas e inverídicas” as declarações do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, acerca dos dados de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria disponibilizados à população para o enfrentamento da pandemia do coronavírus na Paraíba. “Tenho pelo jovem prefeito Bruno Cunha Lima, além de respeito e admiração, amizade pessoal”, enfatizou Barbosa, ao lamentar a fragilidade dos dados expostos e a beligerância na fala do prefeito Bruno. O deputado afirmou que ficou chocado com a inconsistência dos dados levados à público através das declarações do prefeito campinense. O Governo do Estado, segundo Barbosa, adota ações baseadas na ciência para proteger a população. Para ele, o prefeito da Rainha da Borborema, contrariamente, baseou-se em números e dados absolutamente inverossímeis, além de adotar uma retórica “equivocada e negacionista”.

“Creio que o prefeito Bruno foi precipitado ao lançar mão e anunciar dados que, certamente, lhe chegaram às mãos através de sua assessoria. Ele tem experiência e competência para não se deixar levar pelo maniqueísmo político que permeia as relações políticas entre Governo Federal e os Governos dos Estados, e se debruçar sobre os números para melhor exame e compreensão dos dados da pandemia antes de promover um injusto e desnecessário ataque ao Governo João Azevedo. Se tivesse sido mais atento e cauteloso, como reclama o cargo que honrosamente ocupa, não teria protoganizado, através de uma ‘live’ tantas e tão inconsistentes afirmações. Todos os gestores de Saúde e autoridades constituídas do nosso estado sabem que a Grande João Pessoa tinha 112 leitos de UTI Covid em maio do ano passado, enquanto que em Campina Grande havia 54. Hoje, são 212 leitos de UTI na 1ª macrorregião e 139 na 2ª macrorregião. Creio, convictamente, que esses fatos revelem tão somente precipitação no uso das informações colhidas pelo ilustre prefeito. Não acredito, de nenhuma forma, que o tenha feito por má-fé ou em busca de dividendos políticos. A campanha já passou e o eloquente e dinâmico prefeito Bruno sabe que, para além do amor, respeito e devotamento à nossa Campina Grande, a preservação da saúde e da vida dos campinenses e daqueles que lá residem é tão imperativa quanto prioritária. A dor e o pranto daqueles que dia a dia, em Campina e na nossa Paraíba, perdem parentes e amigos para a Covid 19 não pode nunca – nem por motivo nenhum – serem espetacularizadas”, disparou.
Ricardo Barbosa também lamentou a postura de Bruno Cunha Lima em relação aos pacientes das cidades polarizadas por Campina Grande. “Eu confesso que não compreendi as alegações do prefeito quanto a esse fato, porque é uma obrigação da prefeitura, que não está fazendo nenhum favor, pois recebe recursos para essa finalidade. Atender e acolher as pessoas que lutam pela vida nos hospitais públicos é responsabilidade da gestão, antes de ser uma questão de amor ao próximo”, falou.
O deputado ainda se reportou quanto ao aspecto de que o gestor campinense não tem demonstrado clareza nos dados sobre a situação da pandemia no município. “A aplicação da transparência pública nas informações de dados, quaisquer que sejam eles, notadamente os da Covid, é uma via de mão dupla: tem que ser cobrado do Estado, mas, igualmente, tem que ser cumprida pela PMCG. É controverso e merecedor de esclarecimentos, por seu turno, o fato de que a Secretaria de Saúde de Campina Grande desobedece as regras das instâncias deliberativas do SUS e não permite que os leitos Covid dos hospitais municipais e contratados pelo município estejam disponíveis na Central Estadual de Regulação para Covid-19. É preciso que saibamos se esse fato é tão real quanto intrigante”, defendeu.
Por fim, Ricardo Barbosa estranhou o fato de os leitos do Hospital de Clínicas, o maior na Paraíba destinado ao tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, trabalhar no limite da capacidade, enquanto o hospital municipal Pedro I não passa de 50% de ocupação. “É preciso clareza e verdade fática no tratamento de tão aflitiva e preocupante questão. Numa crise de saúde pública dessa dimensão, com incremento diário no número de óbitos e de pessoas contaminadas pelo coronavírus, não há espaço para estratégias que objetivem confundir a população. Tampouco malabarismos de informações que não abriguem veracidade plena. Não tenho o mínimo intuito de polemizar com o prefeito Bruno, com o qual, já afirmei, tenho a melhor e mais respeitosa relação. Todavia, para concluir, há uma informação que carece de explicação por parte dele, porque isso expõe a riscos ainda maiores o povo campinense. É a que trata dos dados do Observatório de Doenças Respiratórias do departamento de estatística da UFPB, responsável por calcular o índice de transmissibilidade (Rt) no estado, que aponta o Rt na cidade de Campina Grande como um dos maiores da Paraíba, com 1,15, e a taxa de letalidade acima da média estadual, com 2,77.
Não acredito que com o berço político e com a inquestionável capacidade e formação intelectual do prefeito Bruno Cunha Lima, ele se posicione como um negacionista que desacredita da ciência e influencie – por atitudes ou por palavras – a um recrudescimento ainda mais amplo dessa tragédia que é a pandemia da Covid 19″, finalizou.

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