No calendário juliano 28 de fevereiro corresponde ao nosso 8 de março, data que lembra o protesto das operárias de uma fábrica de vestuário de Nova York, as quais em 1908 reivindicaram melhores condições de trabalho. Um ano após, o Partido Socialista da América, ligado ao sindicalismo estadunidense, patrocinou uma jornada de manifestações pela equivalência de direitos civis femininos. Esses atos vararam fronteiras, vez que um conclave da classe trabalhadora, em Copenhague, considerou a efeméride, já celebrada pelos soviéticos, fosse comemorada anualmente. Em 1975, a ONU aprovou Resolução que a eleva ao Dia Internacional da Mulher.
No Brasil, 8 de março parece nunca empolgar a força feminina, apesar de significado e origem. Verdade que sua oficialização, coincidindo com a plenitude da ditadura brasileira, negou condições de arregimentações sindicais. Na prática virou tradição rememorá-la apenas com simples registros, através de seus órgãos de representação, esporádicos pronunciamentos das tribunas parlamentares, de políticos comprometidos com a democracia e da mídia progressista.
As bandeiras que desfraldam não vão além do costumeiro da vida das pessoas e do Brasil. Desperdiçam, pois, históricos episódios da humanidade, embora construtoras elas de profundas mudanças sociais. Não ignoremos o grande feito das mulheres novayorquinas, porém entre nós, uma plêiade de mulheres corajosas, guerreiras, lutaram pela meritória causa da liberdade e consolidação da independência do nosso país. Não são raras as ações de que participaram junto aos homens, empunhando armas e exibindo valentia.
Mulheres de nossa Pátria, não hesitem buscar exemplos nas audazes patriotas do passado e do presente, que se destacaram pelos princípios libertários e de bravura, ignorando sua própria constituição feminina! Sigam a lição das nossas heroínas: da baiana Maria Quitéria, que se filiou a um dos Batalhões Patrióticos, combatente pela consolidação da Independência, a fazer inveja a muitos masculinos estrelados, consagrados como defensores da segurança nacional; da alagoana Ana Lins, mãe do Visconde do Sinimbu, que com seu marido e filhos, em sua terra natal, São Miguel dos Campos, esteve ao lado dos insurgentes revolucionários de 1817 e da Confederação do Equador, só se rendendo depois de esgotar seu cartucho, sendo presa, pela soldadesca imperial, porém anistiada; a cearense Bárbara de Alencar, encerrada em cárcere de Fortaleza; a catarinense Anita Garibaldi; Olga Benário, e tantas outras a até a recente Marielli, as quais, em conjunto enriquecem nossa galeria de heroínas.
Jornalista