Na fase preparatória da Copa do Mundo no Brasil, de 2014, pois havia tempo ansiávamos pela volta desse torneio entre nós, por sermos de sangue latino fanatizados pelo esporte rei, o futebol. A vontade foi comprida, embora com momentâneo e evidente esquecimento que tiveram as autoridades de governo e a maioria do próprio povo em relação aos problemas do país. Naquela oportunidade a FIFA falava mais alto que a soberania brasileira, ao impor condições anacrônicas para realização do evento. Uma delas a celebração da Lei Geral da Copa, de caráter supraconstitucional em alguns aspectos, indo além de nossas possibilidades econômicas e orçamentárias, em função de exigências na construção e melhoramentos de estádios, ampliação de aeroportos, realinhamentos urbanos, e por aí se vai. Segurança reforçada nas arenas dos jogos e medidas afins foram, também, exigidas. Uma curta passagem, diríamos, a legislação específica logo perdeu efeito, a rigor não afetava o estado democrático, pois havia uma aceitação tácita da população.
Naquela época, a fim de não esquecermos nossos laços de brasilidade, lembrava, eu em um modesto escrito, a negligência cultural, especificamente dos órgãos ligados à preservação da memória nacional, que estávamos bem próximos das comemorações bicentenárias do Brasil. O fato ora se repete, a sociedade, nem governo se mobiliza para planejarmos um megaevento, esse que deverá ser a Grande Efeméride, de 7 de setembro de 2022.
É bem verdade que mergulhamos numa situação de pandemia, a Covid-19, cujo impacto traz intranquilidade às nações. No Brasil não seria diferente. Aqui, há uma segunda preocupação, a infortunada gerência do mandatário do Planalto, que põe em perigo as instituições da República. Sua manutenção na cadeira presidencial, pela falta de postura de estadista, será elemento preponderante para, mais uma vez nos alhearmos à grande data centenária, que nos avizinha.
Ante esse quadro de anormalidade democrática, não há encorajamento para criação de Lei Geral Bicentenária, ou uma Medida Provisória nesse sentido, com motivações cívicas, que ensejassem diretrizes federativas das comemorações. As organizações culturais não se mexem, a omissão é total nessa área. Bom os telejornais e a mídia, nas entrelinhas dos noticiários e informações, trazerem à tona temas alusivos aos 200 anos de Independência. O Brasil não merece esse silêncio. A crise não é de foro eleitoral e de responsabilidade. Ao luto, que ora toma conta de muitos lares, é um óbice contornável, se recebêssemos da gestão maior os exemplos das boas condutas republicanas e de patriotismo.
Jornalista
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