Ser produtivo, seja no trabalho ou nas redes sociais, praticar uma atividade física, dormir oito horas por dia, se alimentar bem, ter uma relação bem sucedida, falar um segundo idioma, ler, ufa! Quanta coisa! Tudo isso não parece mais que obrigação, mas a verdade é que essa busca desenfreada pela melhor versão de si tem promovido na sociedade moderna a ortorexia psicológica, que segundo a psicóloga da MedPrev do Sistema Hapvida em João Pessoa, Rafaela Amorim, trata-se de uma busca excessiva pelo autoperfeiçoamento. “O indivíduo busca uma melhor versão de si através do cumprimento de diversas atividades, buscando uma rotina considerada perfeita”, explica.
A psicóloga esclarece que o problema da ortorexia psicológica é que os indivíduos tendem a se tornar reféns do cumprimento de metas, na exigência de ser a sua versão mais bem desenvolvida e existe uma forma obsessiva por isso. Para chegar a um diagnóstico do problema, é preciso observar os sinais e sintomas que o indivíduo manifesta. “Sobretudo a ansiedade que ocasiona, além de sentimentos de autocobrança, culpa quando o sujeito não cumpre as metas, perfeccionismo, rigidez, intolerância, comparações, sentimentos de inferioridade e insegurança”, elenca.
Rafaela reforça que o indivíduo pode entender que está passando do limite na autocobrança, na busca pelo “ser perfeito e fazer melhor” quando passa a se cobrar na adoção de um estilo de vida que considera exemplar, englobando uma série de atividades, comportamentos que muitas vezes o sobrecarrega e que, quando não é atingido, ele se sente insuficiente. “Então é possível perceber que a cobrança por autodesenvolvimento está passando dos limites quando ele se vê refém destas obrigações que ele se coloca, refém de ser e dar o seu melhor sempre, trazendo prejuízos a sua qualidade de vida”, pondera.
Redes Sociais – Rafaela lembra ainda que a internet e as redes sociais têm convencido e influenciado cada vez mais os indivíduos na adoção de um estilo de vida vendido como ideal. “Esse tipo de comportamento pode acabar gerando uma sensação de insuficiência caso não obedeça a tais tendências, além de gerar comparações e competitividade, sentimentos de insucesso e insegurança”, analisa.
Além disso, a especialista acrescenta que quando o indivíduo se vê inseguro quanto a si mesmo, na busca por seu desenvolvimento pessoal, passando cada vez mais a se cobrar para se tornar melhor, estabelecendo muitas vezes padrões inatingíveis, ele se torna refém da lógica de não se permitir errar, falhar, enxergando nestas situações evidências de que não é capaz de ser sua melhor versão. Então passa a condicionar seu bem estar a um padrão ideal, e não realista.