Nunca me preocupei estudar astrologia, talvez um tratado que busca conhecer o comportamento e a personalidade humana, seus movimentos e posições, através dos corpos celestes. Construiu-se uma ferramenta para essa análise, o “horóscopo”, com seus signos zoodicais, em função da data de nascimento da pessoa, na procura do resultado a que se pretende, por meio das movimentações e influências planetárias.
Por que não seguirmos essa orientação quanto aos meses do ano, embora se respeitando a periodicidade a que correspondem os signos, cada um trazendo suas características? Poderíamos nos contentar com a explicação, mesmo simbólica, acerca dos distúrbios políticos nacionais, prevalentes em abril e agosto. Então, o Golpe militar de 1º de abril, Áries, dinâmico, carregado de energia. No que concerne a agosto, termina simbolizado por Virgem, representando o orgulho e de pouco espaço para mudança.
Naturalmente tais concepções pouco batem com a realidade histórica, pelo menos no Brasil republicano. Neste agosto de 2021 já resplandece politicamente agitado, com a democracia posta em perigo em razão do desvio de conduta do chefe da Nação. Que seria dos bons ventos, próprios do período, porém ventilam a discórdia institucional. Não sabemos até quando soprarão nossos destinos, se não adubarmos, convenientemente, nosso solo democrático. Em 1954, já no ciclo de Virgem, dia 24, com a morte de Getúlio Vargas, em defesa da soberania nacional, ao contrário as correntes atmosféricas políticas sacudiram o País com descomunal força, para cá tangendo de fora as aves de rapina.
Não era tão diferente em 1961, com a Renúncia de Janio Quadros, e a posição dos ministros militares de não aceitarem a posse de João Goulart na Presidência da República. Começa dia 25, desse mês, portanto mesmo signo, a Campanha da Legalidade, comandada pelo Gov. Leonel Brizola, reagindo a tal desatino. Os ministros cedem, embora sob um negociado acordo, Jango assume. Há mais, agosto, 31, 1916, a direita alija Rousseff do poder.
Precisa de explicação, porém à luz da ciência, para o que ora acontece, com Bolsonaro subestimando o secular prestígio do Supremo, ao arrepio da Constituição Federal. O Odylio Denys, que ontem ameaçou bombardear o Palácio do Piratini, pode ser aquele, hoje, que promete detonar o estado de direito, mas as palavras de Brizola podem ecoar da boca de um democrata, convicto: “Que nos esmaguem! Que nos chacinem. Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo”! Lógico, o epílogo não deverá acontecer agora, temos de esperar algum tempo, mas agosto segue sua sina de mau augúrio.
Jornalista