Família Democrática

Nascida na Grécia Antiga, cujo nome é junção dedemos (povo), kratos (poder), portanto democracia. Confundia-se, por vezes, com sua maior amiga, República. Cresceu, virou moça, simpática, porém perseguida pelo autoritarismo machista. Resolveu mudar-se para Europa, onde se engraça de um vistoso rapaz francês, dos séculos XVII e XVIII, conhecido por Estado de Direito, época do “L’Étac’est moi”, O Estado sou eu”, de Luís XIV. Assim mesmo foram a matrimônio.

De idade fértil avançada, sofreu um só parto, trigêmeos: Legislativo, Executivo e Judiciário, criados sob uma conduta irrepreensível, servindo de exemplo para vários países, especialmente os emergentes americanos. Após 67 anos de independência, o Brasil resolveu convidá-lo, para um casamento simbólico, no que foi aceitou, trazendo-nos os três filhos, embora jovens, porém politicamente cultos. Já haviam visitado os Estados Unidos

Em aqui chegando, os exemplos de harmonia da irmandade foram, infelizmente, pouco assimilados. A prepotência de um dos irmãos quis prevalecer perante os demais. Contingências políticas provocaram o rompimento de união dos pais, em duas passagens da história: 1930 e 1964.  Neste último, só admitiu a convivência sob sua tutela.

Entramos numa nova fase, a da redemocratização. Seguindo, novamente, o conselho, pacto federativo é formado, uma Constituição é escrita para garantir a pacificação. Logo no Art. 2º prescreve: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.  Utópico, como vimos, mas não há outra alternativa, e essa unidade tem que ser defendida, com todas armas ao nosso alcance. Bem conhecemos a fragilidade parlamentar do país, e de uma Justiça, ontem obtusa, decomposta por uma legislação esdrúxula (lawfare), em processos políticos. Não deixando de reconhecer sua corajosa postura do passado. Hoje, redimido desse desvio, na condição de varão da família, outorgada pela Carta Magna da República, na tentativa de harmonizá-la enfrenta o ego bélico de quem assumiu um poder. Contra os dois irmãos destila todo ódio.

Copia passagens de nosso Pedro I, quando este dissolve a  Constituinte de 1823, invadindo seu espaço, pois não aceitava restringirem-se suas atribuições. Disse este, “quero uma Constituição que seja digna de mim”. Há uns dias, disse Bolsonaro: “sou a Constituição”.  Mensagens foram produzidas nas redes sociais e na imprensa formal, contra atitudes de intimidação aos integrantes e ao próprio prédio do STF. Se a instituição teve seus erros foi corajosa em agruros momentos da ditadura.  Merece, então, nosso apoio.

Jornalista

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