No último quartel do século XVIII, Pernambuco protagonizava ideais de liberdade e justiça social, através de grêmios maçônicos. Um deles se destaca, o “Areópago de Itambé”, fundado em 1796, pelo botânico e médico paraibano, Manuel Arruda Câmara. Logo alcançando a Independência, em 1822, o Brasil carecia não só de forças bélicas para sua consolidação, mas de um trabalho de conscientização, de ordem patrimonial e cultural, no seio da incipiente sociedade brasileira. Impossível estender-se, naquele momento, por razões territoriais, cabendo ao Rio de Janeiro operá-lo, pois contava com uma imprensa altiva e jornalistas de escol, a exemplo do Cônego Januário da C. Barbosa e Gonçalves Ledo. Nas suas mãos páginas de “O Tamoio”, criaram, em outubro de 1838, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Novamente despertado por esse compromisso de formação da identidade nacional, em 1862 Pernambuco fez surgir o seu Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico (IHGP), anos depois Alagoas (1869) e Ceará (1887). Deixando-se o 2º Império, houve uma proliferação desse modelo de sodalício, de maneira que cada unidade da Federação, nas capitais e nas maiores cidades, possuísse seu Instituto Histórico, um sociologismo, na inversão da palavra, que vem influenciando os municípios de pequeno a grande porte. Na maioria, obedecem a uma estrutura administrativa e composição comuns, padrão dissociado das pretensões locais e do país.
A temática das entidades pioneiras é tragada pelas do 2º estágio, que passou a ser um mero formalismo histórico, trazendo para si elementos das classes dominantes, que os usam com objetivos de falsas galhardias e de trampolins políticos. O conceito de pesquisas da história e geográfico se resume, tão só, no publicismo, no que é benéfico, afora comodistas reuniões de seus membros. Desalinhados, geram outras entidades, específicas, diferenciando-se numa atuação mais precisa, afeitas à Arqueologia, Genealogia, Culturais.
A antimemória virou política pública. Utilizam-se do esquecimento, numa completa varredura do passado perante o povo. A confiabilidade nas narrações históricas, está comprometida. Justifica-se aos institutos originários, ante a falta de elasticidade educacional, de recrutarem pessoas que se destacavam culturalmente. A esmo, nascem organizações, com respaldo em elementos elitistas, no confronto a professores universitários da área, acadêmicos e mesmo estudantes de nível médio, celeiro de historiadores mirins. Sem estes, inócuas as atividades dos atuais IHs. Procedimento imperial de difícil reversão, no que traz sério risco às comemorações do Bicentenário do Brasil.