Revelações da Independência -I

Canto e Melo – Juntamente com o padre Belchior Pinheiro, o alferes Francisco de Castro e Mello, irmão da famosa Marquesa de Santos, esteve presente ao ato de Independência ou Morte. Nessa condição nos deixou interessantes pormenores, a começar pelo retorno da comitiva de D. Pedro, da cidade de Santos, notificando-o de que em S. Paulo se encontrava o mensageiro vindo da Corte, major Ramos Cordeiro, trazendo-lhe mensagens, urgentes. Foi no alto da colina, próxima ao Ipiranga, onde ambos se avistaram. Tratava-se de cartas de Portugal, determinando que o Príncipe voltasse à pátria de origem. Ao lê-las, conforme Canto e Mello, o monarca fez ecoar o Grito de Independência! Eram 16 horas, de 7 de Setº de 1822,  na presença de quantos o acompanhavam, inclusive do tte.coronel Joaquim Aranha de Camargo. 

Desligamento – José Bonifácio, quando à frente do Ministério do Reino e Estrangeiros, achava-se numa situação bastante delicada. De um lado, os liberais querendo, a todo custo, antecipar os acontecimentos, visando o desligamento, já, de Portugal, não apenas isso, ao mesmo tempo a Proclamação da República; do outro, o partido português procurando limitar os poderes do Príncipe Regente. Porém, debalde a tentativa lusa no Brasil, em vista de sua cansada política predatória, pois D. Pedro I se sentia muito bem confortável no Brasil, traçando toda uma estratégia, não se sabendo a que tempo, no sentido de transformar a Colônia numa Nação independente.

Havia quem chamasse J. Bonifácio a “dama” da partida do xadrez, a ele cabendo a condução do barco, levando a liberdade a um porto mais seguro. Procurava aparar as arestas, entre o monarca e os políticos insatisfeitos, pondo este, por meio de agentes secretos, sabedor de todas as ocorrências navais.

Guerra civil – “Sérgio Buarque de Hollanda refere-se, mais objetivamente, às lutas da Independência, como uma guerra civil entre portugueses, desencadeada pela revolução do Porto (1820) e não por um processo autônomo, de arregimentação dos nativos, visando reivindicações comuns contra a metrópole”.  Justifica-se tal preocupação, por parte de nossos historiadores, em vincular o processo emancipacionista a pressões internacionais. Para tanto, tem contribuído a imagem da Colônia na sua luta contra a metrópole, ainda que se esquecendo de ajustamentos administrativos internos, enraizando-se a ideia de interiorização da metrópole no sul da colônia. 

Sob esse enfoque defendia-se o aprofundamento da interação social entre comerciantes e classe rural, a fim de se construir um caminho mais seguro pela nobre causa. Continua dois séculos depois, vivenciada por outros figurantes, de facções políticas adversas, mas de semelhante conteúdo.

Jornalista

Inocêncio Nóbrega Filho, nasceu no município de Soledade - PB. Economista, historiador e militante do Jornalismo, há mais de 50 anos. Ingressou na vida de escritor, com o lançamento em 1974, do livro Malhada das Areias Brancas., onde faz um levantamento histórico de sua terra natal. Sua mais recente obra é "Independência! No Grito e na Raça", onde faz uma retrospectiva da Independência do Brasil.

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