Rebeka Paiva
A saúde da boca é capaz de influenciar no funcionamento de todo o corpo, dessa forma, manter hábitos de higiene bucal é de extrema importância para uma boa saúde. Esses hábitos devem ser estimulados nas crianças, por isso, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sugerem que o período das férias escolares é uma ótima oportunidade para reforçar os cuidados com a saúde bucal dos pequenos. Em João Pessoa, os atendimentos diários são realizados nas Unidades de Saúde da Família (USF).
“O período de férias é o mais conveniente devido à disponibilidade da criança e dos pais, porém toda a oportunidade de levar a criança ao dentista é válida. É no período de férias também que as crianças tendem a ter uma alimentação mais desregulada, tanto em questão de consumo de alimentos não saudáveis, quanto em horário, por isso os pais ou responsáveis devem realizar um controle de alimentos açucarados, além da supervisão na escovação, principalmente na escovação da noite”, explica a coordenadora de saúde bucal da SMS e odontopediatra, Camila Castelo Branco.
Nas USFs são realizadas ações de aplicação tópica de flúor, extração de dentes, remoção de placas, aplicação de selantes, escovação supervisionada, orientação de higienização bucal. Em casos mais graves e atendimentos com odontopediatras os pequenos podem ser atendidos nos Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Durante o ano letivo, por meio do Programa Saúde na Escola, os alunos recebem os profissionais nas escolas para ações de prevenção e promoção à saúde bucal.
Nas unidades de saúde o atendimento é por demanda espontânea, de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 12h às 16h. Já nos CEOs, os atendimentos são por meio de agendamentos e acontecem das 7h às 11h e das 13h às 17h, também de segunda a sexta.
“É de extrema relevância ensinar educação de saúde bucal já na primeira infância, visto que os ensinamentos aprendidos serão levados para toda a vida daquele indivíduo. Na nossa rede com o acompanhamento odontológico regular da criança, ela aprende sobre a importância da higienização e realiza tratamento de prevenção às doenças bucais para que essa criança se torne um adulto com uma condição bucal saudável”, alerta Camila Castelo Branco.
Aos três anos de idade, Davi já vai ao dentista e entende a importância. “Eu gosto bastante de vir, a tia olha todos os meus dentinhos pro bichinho não comer eles”. Acompanhado da irmã Alice, de cinco anos, são levados rotineiramente pela tia à USF próximo de onde moram, em Mandacaru, para profilaxia como aplicação de flúor e acompanhar o desenvolvimento.
“Na minha época ir ao dentista era um trauma, sinônimo de algo ruim e sentir dor. Não quis isso para minha filha, nem para meus sobrinhos, por isso desde cedo trazemos eles para serem atendidos pela dentista da unidade. Esse cuidado com a saúde bucal é algo extremamente importante para eles agora enquanto criança e vai ser pro resto da vida”, conta Maria Edvalda de Lima, tia das crianças.
“Além disso, tentamos sempre explorar a visita ao dentista como algo positivo para quebrar o medo que é natural e acredito que quanto mais cedo começamos isso, melhor. Vemos a diferença com Davi e Alice, ele vem mais desde novinho e não tem medo nenhum, fica todo empolgado, já Alice que começou a frequentar já mais velhinha percebemos que ela vem mais receosa, mas quando vê Davi empolgado, perguntando quando vai novamente, ela fica mais tranquila”, relata Maria Edvalda.
Essa desmistificação com o dentista é importante para o cuidado com a saúde bucal dos pequenos. “As crianças precisam entender que não precisam ter medo e os pais precisam estimular isso, é bem comum atender a criança e o adulto que está acompanhando ficar nervoso e isso passa pro pequeno ou ameaçam a criança dizendo que caso ela não se comporte vamos arrancar os dentes. Esses comportamentos só despertam o medo do dentista, que é algo extremamente negativo para o cuidado com a saúde bucal e a manutenção de hábitos saudáveis”, explica a dentista da USF Alto do Céu Integrada, Anna Raquel Cardoso.
É no mês de julho também que acontece a campanha ‘Julho Laranja’, que reforça a importância da primeira consulta com o odontopediatra e ortodontista aos seis anos.
“A criança deve ser levada ao dentista pela primeira vez assim que nasce o primeiro dentinho, por volta dos seis meses de vida, variando de cada criança, e nesse momento já deve ser iniciada a escovação. Aos seis anos orientamos que a criança passe a ser acompanhada com um odontopediatra e ortodontista, pois esses profissionais vão conseguir identificar e tratar previamente situações que possam gerar mais pra frente o uso de aparelhos ou casos mais graves como a necessidade de cirurgias”, explica Anna Raquel Cardoso.
Julho laranja – Acontece no sentido de informar e sensibilizar a população sobre a importância da ortodontia preventiva, em crianças a partir dos seis anos. A campanha também ajuda a estimular o desenvolvimento de hábitos saudáveis na criança, como uma higiene bucal adequada.
A campanha foi escolhida para o mês de julho por ser a época que os brasileiros costumam buscar mais a Ortodontia Infantil por ser o momento das férias escolares.
Rede de Saúde Bucal – Em João Pessoa a rede de saúde bucal também presta assistência na atenção primária e especializada. Atualmente possui 192 Equipes de Saúde Bucal, compostas por dentistas e auxiliares de saúde bucal.
Nas Unidades de Saúde da Família (USF), espalhadas por todo o município, são ofertadas consultas, profilaxia (limpezas), restaurações, remoção de tártaro, urgências, extrações dentárias, entre outros serviços. Ainda atenção primária, a rede conta com a Unidade Odontológica Móvel (UOM), também chamado de Odontomóvel, que roda a cidade de João Pessoa, cobrindo as áreas descobertas e ofertando os mesmos serviços das USF.
Já os atendimentos especializados em saúde bucal acontecem em três Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), localizados em Jaguaribe, Cristo e Torre, este último funcionando 24h. Nos CEO são ofertados serviços de odontopediatria, cirurgia oral menor, endodontia (tratamento de canal), dentística (restaurações), radiologia, periodontia (tratamento da gengiva), estomatologia (diagnósticos de lesões da cavidade bucal), realização de biópsias e prótese dentária, além do atendimento especializado a pacientes com necessidades especiais.
Além de encaminhados das Unidades de Saúde da Família (USF), os CEO atendem usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e de algumas Organizações não governamentais (ONGs) que atuam no seguimento da assistência psicossocial, bem como as crianças com doenças raras.