Museu exibe, no Rio, achados arqueológicos do Cais do Valongo

Cerca de 180 achados arqueológicos descobertos nas obras do Porto Maravilha figuram na exposição Achados do Valongo, aberta, hoje (30), no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa, região central do Rio de Janeiro.

É a primeira vez que são apresentadas cerâmicas, anéis de piaçava, pedras e peças em vidro do Cais do Valongo que contam um pouco da herança africana.

Fachada do Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Rio de Janeiro.
Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Rio de Janeiro. – Tomaz Silva/Agência Brasil

Os achados arqueológicos, que estavam no antigo Cais do Valongo, onde funcionou o maior mercado de escravizados do Brasil, fazem parte do acervo do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (Laau), da prefeitura da cidade.

A mostra é gratuita e ficará em cartaz por pelo menos um ano no Muhcab, que funciona no Centro Cultural José Bonifácio. Criado por ocasião das obras do Porto Maravilha, o Laau soma cerca de 1,2 milhão de peças localizadas durante as intervenções na Zona Portuária.

Escavações

Um lote com 262 mil itens é relativo às escavações do Cais do Valongo. As demais são dos sítios Sacadura Cabral, Morro da Conceição e Trapiche da Ordem, entre outros pontos.

Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Rio de Janeiro, abre a exposição Achados do Valongo.
Lote com 262 mil itens é relativo às escavações do Cais do Valongo. – Tomaz Silva/Agência Brasil

A exposição, que marca ainda um ano da inauguração do Muhcab, é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Museu Nacional.

Para o secretário municipal de Cultura, Marcus Faustini, visitar a exposição é lidar com a memória afro-brasileira. “Construir um futuro sem racismo e com mais diversidade é um compromisso dos cariocas, então, é importante pegar algo que estava apagado e trazer para que a população tenha acesso e é o que o Muhcab tem feito ao longo deste seu primeiro ano de vida”, disse.

A mostra tem curadoria dos pesquisadores da Uerj e do Museu Nacional, organização do Muhcab, patrocínio do Instituto Moreira Salles e do Instituto D’Orbigny e supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ela se soma à exposição permanente do museu, “Protagonismos – Memória orgulho e identidade”.

Cais do Valongo

Descoberto em 2011, na fase inicial do projeto Porto Maravilha, de revitalização da região, o cais era adjacente ao mercado. Estima-se que por lá passaram 700 mil africanos escravizados entre 1790 e 1831, oriundos de portos do atual território de Angola, mas também de Moçambique.

A escavação arqueológica de 2011 abriu um pedaço de terreno de quatro mil metros quadrados. De lá saíram centenas de artefatos de matrizes africanas, como contas de colares, búzios, brincos e pulseiras de cobre, cristais, peças de cerâmica, anéis de piaçava, figas, cachimbos de barro, material em cobre, âmbar, corais e miniaturas de uso em ritual.

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