Empregabilidade Trans: empresa de saúde contribui para o avanço da comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho

Hapvida NotreDame Intermédica conta com 9% do seu quadro nacional de funcionários formado por pessoas declaradas LGBTQIAPN+, sendo 1,3% pessoas transexuais e 7,7% formado por bissexuais, lésbicas, assexuais e pansexuais

Diversas dificuldades são enfrentadas para inserção no mercado de trabalho formal. E, quando se trata de pessoas trans, os obstáculos são ainda maiores, sendo necessário travar lutas diárias para garantir a sobrevivência. Para piorar, o Brasil ocupa a posição do país que mais mata pessoas desse gênero no mundo, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Ainda segundo estimativa da Antra, apenas 10% da população transexual possui empregos formais, enquanto os demais 90% se encontram, em grande parcela, usando seus corpos como fonte de renda.

Para além do mês do orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em junho, como forma de evidenciar a luta pelos direitos da comunidade e conscientizar a população sobre a necessidade do amor e respeito ao próximo, a Hapvida NotreDame Intermédica tem contribuído para mudar as estatísticas e inserir cada vez mais pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho. Atualmente 9% do seu quadro nacional de funcionários é formado por pessoas autodeclaradas LGBTQIAPN+, sendo 1,3% pessoas transexuais e 7,7% formado por bissexuais, lésbicas, assexuais e pansexuais.

Dois grandes exemplos são o analista microbiologista, Mariano Horta, e o jovem aprendiz, Gustavo Thomas, que atuam na unidade do HTL (Hospital Teresa de Lisieux) em Salvador. Há doze anos atuando na companhia, Mariano, 33, é bacharel em Ciências Biológicas e teve a oportunidade do seu primeiro emprego na unidade, onde entrou como técnico de laboratório. O jovem diz se sentir muito acolhido e respeitado no seu ambiente de trabalho e detalha um pouco das suas dificuldades ao longo da sua caminhada.

“Eu me sinto muito realizado no meu local de trabalho. Sempre fui bem acolhido, tanto pelos gestores que tive quanto pelas equipes nas quais já trabalhei aqui dentro. Das relações profissionais, nasceram grandes amizades que hoje fazem parte da minha vida. Mas, até chegar nesse espaço em que me sinto pertencente, nós, enquanto pessoas trans, passamos por várias dificuldades, em que a nossa capacidade é questionada por termos um gênero biológico diferente do gênero social ou simplesmente a falta de respeito pelo nosso nome social. Mas hoje eu me sinto sortudo, pois me encontro em um ambiente onde posso ser eu mesmo e sem medo das críticas e do julgamento”, afirma.

O analista, que há cinco anos passou pelo processo de transição dentro da empresa, lembra de uma situação que passou no ambiente de trabalho onde a reação dos seus colegas o surpreendeu. “Uma única vez eu passei por uma situação de transfobia por parte de uma colaboradora recém-contratada, e eu nem precisei me posicionar, meus próprios colegas de setor, prontamente saíram em minha defesa, e isso me deixou muito feliz, porque tive a certeza de que não estou só e tenho ao meu lado pessoas que me apoiam e estão comigo”, declara.

Mariano diz se sentir “privilegiado” por ser uma das poucas exceções de pessoas trans no mercado de trabalho, faz uma alerta para as empresas que mantêm a resistência de promover a diversidade e reforça a necessidade de toda a comunidade LGBTQIAPN+ nunca desistir. “Infelizmente ainda existem empresas que não dão oportunidade para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, principalmente quando se trata de transexuais e travestis. A diversidade precisa sair do papel dentro das instituições e ser uma prática diária, para além das datas comemorativas. Eu sei o quanto o caminho é doloroso e cansativo, mas nós, enquanto pessoas LGBTQIAPN+, não podemos desistir. Nunca permitam que lhes façam acreditar que vocês são menos merecedores. Somos capazes de tudo aquilo que quisermos. Nunca desistam de vocês! Chega uma hora que parece que não vamos aguentar, mas descansem, busquem uma rede de apoio e sigam em frente. Somos maiores e mais fortes do que qualquer tipo de preconceito e vamos estar onde quisermos estar”, afirma.

Gustavo Thomas, de 23 anos, que ocupa a função de jovem aprendiz na instituição, conta que a Hapvida NotreDame Intermédica é, até então, a única empresa que abriu as portas para ele, o valorizando e respeitando desde o início. O jovem se sente realizado e motivado para trilhar um caminho de sucesso. “Nós, que somos pessoas trans, enfrentamos dificuldades diariamente e, quando se trata do mercado de trabalho, o impacto é ainda maior, porque é algo que compromete o nosso futuro. Muitas empresas são formadas pelo preconceito e ignorância, o que reflete na falta de preparo dos seus funcionários para receber pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, e consequentemente na falta de oportunidades. Hoje eu tenho a sorte de me sentir muito realizado, acolhido e valorizado no meu trabalho. A Hapvida me deu a oportunidade que não tive em outras empresas e eu sou muito grato por isso”, afirma.

*Comitê de Diversidade e Inclusão*

Desde 2021, a Hapvida NotreDame Intermédica desenvolveu a área com o objetivo de conscientizar e refletir seus colaboradores para as causas como o movimento LGBTQIAPN+, promovendo ações voltadas para o desenvolvimento da cultura da empresa, em busca de torná-la mais inclusiva e diversificada. Presidido pelo diretor de Comunicação Corporativa e Diversidade, Ricardo Mota, o comitê tem o apoio da plataforma TransEmprego, o maior banco de dados de currículos e vagas para para pessoas transgêneras no Brasil, para recrutar pessoas LGBTQIAPN+, além de realizar ações educativas periódicas para os seus colaboradores.

Segundo Ricardo Mota, investir em inclusão é fundamental para ampliar a cultura organizacional e social. “Entendemos que o que faz a nossa empresa existir são as pessoas, com todas as suas características e diferenças. Valorizar isto é importante para progredirmos enquanto comunidade. Pessoas LGBTQIAPN+ são parte da empresa e merecem respeito e dignidade”.

De acordo com Mota, diversidade é sobre incluir e criar ambientes onde as pessoas se sintam pertencentes e seguras para expressar a sua identidade. Para isso, é fundamental ampliar a conscientização sobre o tema para criar o ambiente organizacional e social acolhedor, sendo parte da construção de uma nova sociedade. “Temos as pessoas em nosso DNA, e é por elas e para elas que existimos, com todas as suas características, diferenças e semelhanças. Trabalhos o acolhimento como foco de cuidar e salvar vidas, por isso, valorizar o ser humano e suas contribuições são importantes para progredirmos enquanto sociedade e as empresas entenderem que são parte da construção desse novo mundo. Todas as pessoas merecem respeito e dignidade, e quanto mais diversos, mais aprendemos sobre o ser humano, e o nosso jeito de ser é acolher a todos sem nenhuma distinção”.

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