Leishmaniose: Brasil apresenta 200 casos em cachorros para cada humano afetado

Brasil é um dos três países que mais apresentam números da doença

 

A leishmaniose está entre as dez principais doenças tropicais negligenciadas, com mais de 12 milhões de pessoas infectadas, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde. O Brasil é um dos três países que mais notificaram casos no mundo: a doença do tipo viceral afeta mais de 3.500 pessoas anualmente e, para cada humano afetado, a estimativa é que haja 200 cães infectados, segundo o Ministério da Saúde.

Por conta disso e da gravidade da doença, o mês de agosto é dedicado à conscientização e prevenção da leishmaniose. A enfermidade é uma zoonose e pode afetar cães e pessoas.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB), nesta quinta-feira (10), Dia Nacional de Combate e Controle à Leishmaniose, dentro do ‘Agosto Verde Claro’, aborda a importância da conscientização e prevenção da doença. O médico-veterinário Altamir Costa explica que a leishmaniose é causada por um parasita, mais especificamente por protozoários do gênero leishmania, sendo uma doença com transmissão vetorial, transmitida tanto para o homem quanto para os animais, por meio da picada de insetos infectados, os flebotomínios, também conhecidos como mosquito-palha.

Ele esclarece que o cão não é o transmissor da doença, e sim, apenas o maior reservatório dela, pois apesar de existir tratamento, com a melhora dos sinais clínicos, não existe cura nos animais. Isso significa que não há como eliminar totalmente o parasita do organismo do cachorro e ele pode continuar sendo um reservatório da leishmaniose. “Em geral, o que acontece é o mosquito picar o animal infectado e, posteriormente, pica outro cachorro ou humano, transmitindo o protozoário causador do problema”, explicou.

Tipos – Existem dois tipos de leishmaniose: a leishmaniose visceral e a leishmaniose cutânea. A leishmaniose visceral também é conhecida como calazar. Esse tipo de leishmaniose é sistêmica, pois afeta os órgãos das vísceras, como o baço e o fígado, além da medula óssea. Os sintomas incluem febre, tosse, dor abdominal, anemia, hemorragias, imunodeficiência, perda de peso, diarréia, fraqueza, aumento do fígado e do baço, além de inchaço nos linfonodos.

Altamir Costa explica que a leishmaniose cutânea aparece entre duas e três semanas após a picada do flebotomíneo, também é chamada de ferida brava, ou de leishmaniose tegumentar, e causa feridas na pele, que podem evoluir para feridas nas mucosas, como a boca e o nariz. As feridas causadas pela leishmaniose tegumentar são avermelhadas, ovaladas e com bordas delimitadas, podendo aumentar de tamanho até formar uma ferida com crosta ou secreção. A leishmaniose tegumentar é a forma mais comum da doença, sendo que, dependendo do tipo, ela pode se curar de forma espontânea.

Em humanos, a doença possui cura. Entretanto, caso não seja tratada de forma rápida e eficaz, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. Idosos, crianças e imunodeprimidos têm maior risco de desenvolver a forma grave enfermidade.

Segundo médico-veterinário, o diagnóstico da doença é realizado através de exames clínicos e laboratoriais para identificação precisa da doença. “O tratamento varia de acordo com cada paciente. É sempre indicado o uso de medicamentos que diminuem a quantidade de parasitas circulantes no paciente, bem como suporte para os sintomas que cada paciente apresenta. O paciente com leishmaniose deve ser monitorado periodicamente por um médico veterinário”, disse.

Prevenção – É recomendado manter as áreas ao redor da residência e os abrigos de animais de estimação limpos para evitar o aparecimento do mosquito transmissor da doença. Usar telas de proteção nas janelas e portas e fazer uso de repelentes são as principais medidas adotadas.

Altamir Costa ressaltou que há uma vacina para cães, mas que seu uso está suspenso pelo Ministério da Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) devido à constatação de desvio de conformidade do produto, que pode ocasionar falta de eficácia da vacina, gerando risco à saúde animal e humana.

“É preciso redobrar a prevenção nos cachorros com o uso de coleiras e sprays repelentes. Importante lembrar de trocar as coleiras na data certa para garantir a sua eficácia. Também é fundamental sempre levar o animal para consultas rotineiras com o médico-veterinário”, frisou.

Vacina – A Leish-Tec, único imunizante em comercialização no Brasil contra a leishmaniose visceral canina, não tem previsão para voltar ao mercado. A vacina foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e está disponível no mercado desde 2008. Segundo a fabricante, em estudo, o imunizante apresentou 96,41% de proteção contra a leishmaniose visceral canina no grupo vacinado e 71,3% de eficácia.

Assessoria 

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