O médico João Paulo Souto Casado foi o principal assunto das rodas de conversa dos quatro cantos da Paraíba, principalmente em João Pessoa, após na noite deste domingo, 10 de agosto, um vídeo ter viralizado nas redes sociais aonde ele aparece agredindo covardemente a sua companheira da época, uma enfermeira e estudante de medicina, na frente do flhomenor dele, de 9 anos, dentro de um elevador e depois dentro do carro.
Ainda na noite de ontem, a secretária interina da Saúdeda Prefeitura Municipal de Joao Pessoa, Janine Lucena, anunciou o afastamento do médico da função de diretor-técnico do Hospital Ortotrauma, o Trauminha de Mangabeira. Na manhã desta segunda-feira veio a confirmação da exoneração dele do cargo pelo prefeito Cícero Lucena (PP). O governador João Azevêdo (PSB) também determinou a exoneração do cargo que ele ocupava no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena.
Clique e veja o vídeo das agressões postado em primeira mão pelo portal Paraíba Feminina:
https://www.instagram.com/reel/CxBpRG2JMm3/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA%3D%3D
O médico também foi alvo de uma investigação a respeito da postura dele por parte do Corpo de Bombeiro, onde também tem vínculo empregatício. Em nota, o comando do Corpo de Bombeiros informa o seguinte: “O Comando do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, ao tomar conhecimento através das redes sociais, dos fatos envolvendo um militar da Corporação, informa que será aberto procedimento apuratório para investigar a conduta do bombeiro militar”.
O caso, como não poderia ser diferente, chegou também ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina que decidiu o seguinte, segundo nota divulgada na imprensa: “Ao tomar conhecimento, através da imprensa e das redes sociais, das imagens de violência praticada por um médico à sua companheira, determinou a abertura de sindicância, considerando os artigos 23 e 25 do Capítulo IV do Código de Ética Médica.”
O caso está sendo investigado pela Delegacia da Mulher desde o mês passado. A delegada Paula Monalisa, que está à frente das investigações, disse que os fatos narrados pela vítima ocorreram no ano passado, mas só em agosto ela compareceu à polícia para registrar a queixa.
No início da tarde, o advogado Aécio Farias Filho, contratado para defender João Paulo Casado, divulgou uma nota aode acusa a ex-mulher do médico. Leia abaixo a íntegra da notadivulgada peloa dvogado do médico acusado das agressões:
- Que o Dr. João Paulo ama, imensuravelmente, seu filho, menor, de 09 anos de idade, fruto do seu primeiro casamento;
- Que, em tempos de exibição de documentário que retrata o trágico “Caso Isabela Nardoni”, o Dr. João Paulo jamais seria/será um “Alexandre Nardoni” tampouco uma “Monique Medeiros” a consentir que qualquer madrasta agrida ou arremesse seu filho do 23º andar;
- Que, desde julho de 2023, Dr. João Paulo se encontra separado de fato do seu segundo casamento e, coincidentemente, há poucos dias, após não mais ceder às extorsões para a manutenção do pagamento de mensalidade da faculdade de medicina de sua ex-esposa, no valor de R$ 10.670,00, e ajuizar ação de divórcio, são exibidos vídeos cujas origem e autenticidade são contestadas;
- Que, entende necessária a imposição de medida protetiva em favor do seu filho contra sua ex-madrastra e comunicado os fatos às autoridades competentes, inclusive, acerca das extorsões;
- Que, em virtude do sigilo imposto àqueles procedimentos, por ora, mais não pode falar.
O médico João Paulo decidiu falar sobre o caso e gravou um vídeo tentando se justificar pelas agressões cometidas contra a ex-companheira, pedindo desculpas a todas as mulhres que se sentiram ofendidas e se colocando à disposição da Justiça. Veja o vídeo abaixo:
A líder da Bancada Feminina no Senado Federal, paraibana Daniella Ribeiro, repudia agressão de médico contra ex-companheira e pede cumprimento da Lei Maria da Penha
Nota de Repúdio
Como líder da Bancada Feminina no Senado Federal, mas antes de tudo como mulher, registro a minha total indignação e revolta contra a postura do médico João Paulo Casado que aparece em imagens agredindo fisicamente a sua companheira, inclusive na presença de uma criança, o que torna a situação ainda mais absurda.
Lamentavelmente, a violência contra a mulher tem apresentado uma curva ascendente em nosso país, se manifestando nas mais diversas formas: psicológica, moral, patrimonial, sexual e física. A brutalidade do feminicídio se torna cada vez mais explícita e não podemos silenciar diante dessa realidade.
As cenas que mostram o médico em questão são revoltantes e merecem a condenação unânime da sociedade, não apenas por mulheres, mas por todos que prezam pelos direitos humanos e pela dignidade da pessoa.
Cobramos a aplicação da Lei Maria da Penha. Que esse caso seja devidamente punido e que o agressor responda pelo crime que cometeu. Não pode ficar impune. Ser exonerado dos cargos públicos que ocupava foi importante, uma medida assertiva tanto da Prefeitura de João Pessoa quanto do Governo do Estado, mas não é suficiente. Existe lei para o crime cometido e precisa ser aplicada. Confio no trabalho da nossa Polícia Civil da Paraíba e da Justiça.
Vemos em cada vítima de violência uma representação de todas nós, e não podemos aceitar nem normalizar tais situações. Situações desse tipo precisam ser imediatamente denunciadas. Não podem ser toleradas em hipótese alguma, sob nenhuma justificativa. Muitas vezes, erroneamente, tentam culpar a mulher pela violência sofrida. Querem transformar a vítima em algoz. Não raro, há por trás da violência a dependência financeira ou psicológica que prende a vítima na relação conturbada, violenta e perigosa.
Enquanto autora do PL 3.257/2019, que propõe o afastamento imediato do agressor do lar em situações de violência sexual, moral, sexual ou patrimonial contra a mulher, reitero meu compromisso em trabalhar incessantemente por uma sociedade onde todas as mulheres possam viver com segurança e dignidade.
Os agressores precisam ser punidos e as mulheres precisam de esclarecimentos sobre os seus direitos para que possam encontrar apoio e força para denunciar quem as maltariam, quem as tenta tirar-lhe os direitos de viver.
Mais uma vez, lamento profundamente a violência sofrida pela mulher que aparece nas imagens, e me coloco à disposição para fazer coro na luta contra a violência contra a mulher.
Paraíba, 11 de setembro de 2023.
Daniella Ribeiro
Senadora da República
Líder da Bancada Feminina no Senado