O Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, unidade do Governo da Paraíba em João Pessoa, é o centro de referência para a remoção de corpos estranhos. Em 2024, a unidade já atendeu quase oito mil pacientes vítimas desse tipo de incidente, a maioria adultos e crianças. O termo “corpo estranho” se refere a qualquer alimento ou objeto não comestível que fica preso no corpo, podendo causar obstruções nas vias respiratórias, no trato gastrointestinal ou em outras partes do organismo, representando sérios riscos à saúde.
De janeiro a outubro de 2024, o Hospital de Trauma registrou 7.658 atendimentos, o que representa um pequeno aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram atendidos 7.175 pacientes. Aproximadamente 68,2% dos atendidos são do sexo masculino e adultos, embora também seja significativo o número de crianças e idosos que buscou a unidade. As principais cidades de origem dos pacientes foram Santa Rita, Bayeux e Cabedelo, enquanto em João Pessoa, os bairros com maior ocorrência de acidentes foram Valentina, Mangabeira e Gramame.
Segundo o diretor-geral do Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, Laecio Bragante, os casos de corpos estranhos são bastante comuns no ambiente de trabalho, especialmente em profissões que envolvem risco de exposição a partículas em alta velocidade. “Nos casos que envolvem os olhos, isso pode ocorrer quando partículas se deslocam rapidamente e nossa pálpebra não é capaz de proteger o olho a tempo”, explicou. Ele também ressaltou que esse tipo de ocorrência representa 67,8% dos atendimentos relacionados a corpos estranhos em pessoas com idades entre 19 e 59 anos, registrados até o momento em 2024.
A falta de equipamentos de proteção adequados em atividades de alto risco é uma das principais causas de incidentes envolvendo corpos estranhos. Um exemplo disso é o caso de um homem de 40 anos, que trabalha na construção civil, e que deu entrada no Hospital de Trauma após um jato de cimento atingir seus olhos. “A sensação foi a pior possível, tive muito medo de ficar sem enxergar. A partir de agora, usarei mais os equipamentos de proteção. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente”, lamentou.
O atendimento a crianças mais comum é o relacionado aos corpos estranhos. Esse tipo de ocorrência foi o terceiro mais frequente durante o ano passado no hospital, ficando atrás apenas das quedas da própria altura e dos acidentes de trânsito envolvendo motociclistas. Somente com crianças de 0 a 12 anos, foram 1.459 pacientes em 2024.
A pequena Liz, de 5 anos, foi uma das várias crianças atendidas no hospital após engolir um objeto. Mesmo com todos os cuidados dos pais, a menina encontrou uma moeda de cinco centavos e a engoliu acidentalmente, causando grande preocupação na família. Ao chegar ao hospital, o atendimento foi imediato.
“Na porta do hospital, já havia uma equipe que a pegou dos meus braços e verificou se ela estava respirando normalmente. Logo, o pai a levou para a urgência, e pouco depois já foi feito o raio-X”, conta a mãe, a vendedora Camila Duarte, de 28 anos. O exame revelou que a moeda estava localizada no esôfago da criança, e o objeto foi removido com sucesso por meio de uma endoscopia. “Graças a Deus, consegui manter a calma, o que é muito importante nesses momentos”, finalizou.
Referência – O Hospital de Trauma de João Pessoa conta com uma equipe de profissionais qualificados, disponíveis 24 horas por dia, para oferecer assistência de qualidade às vítimas de corpo estranho. A unidade dispõe de oftalmologistas e otorrinolaringologistas de plantão de forma ininterrupta, garantindo atendimento especializado imediato para os pacientes que necessitam de cuidados urgentes nessas áreas.