Pandemia, isto é epidemia globalizada, na linguagem moderna, data de séculos. Num bom comentário, Fernando Portela nos cita sua passagem por Atenas de Péricles. Semelhante à Peste Negra, ou Bubônica ocasionada por uma bactéria, que grassou a Europa no Sec. XIV, e a Gripe Espanhola. Sem periodicidade definida surgem e provocam uma série de mutações sociais, políticas e econômicas, tomadas de pânicos. A humanidade, por vezes em paranoia, é consumida, vorazmente. Sem defesas, buscam-se soluções diversas e esdrúxulas, populares e pára-científicas.
Doenças que brotam e prosperam pela falência da civilização. A cólera, proveniente de uma diarreia infecciosa grave, tem habitat preferido entre populações pobres, daí chamar-se de “doença da miséria”, típica da era pré-industrial. Da Índia emigrou para outros Continentes, aportando-se, no Brasil, pelo Norte e Nordeste, enquanto a febre amarela deitava e rolava no Rio de Janeiro. Seguiu sua rota macabra por outras regiões, atravessando fronteiras ao Sul. Por ela seriamente afetada, a coluna do cel. Marcos de Macedo foi obrigada se retirar de Laguna, onde estavam estacionados os paraguaios, em 1864. Inúmeras vidas foram ceifadas; só a bubônica, percorrendo a China, Síria e Mesopotâmia, alcançou a casa de 24 milhões delas. A cólera-morbus, aproveitando-se da deficiência sanitária, nas suas duas ondas de existência, 1856 e 1862, levou cerca de 30 mil paraibanos, 10% de seu efetivo populacional de então, a improvisadas sepulturas, já que poucos eram os campos santos.
Estamos em plena Covid-19, apresentando espectros clínicos variados, levando estragos à saúde dos povos. As estatísticas da mortandade, com seu feroz desempenho, que o digam. Diferem das pandemias anteriores, não pelas raízes epidêmicas, porém em virtude de sua convivência com a ampla cobertura e intensidade de notícias da mídia e redes sociais, pondo-nos numa situação de conhecimento e de aflição. Ao lado, tem sido um elemento aferidor dos sistemas econômicos, os que adotam o capitalismo agonizante, desorganizados e despreparados para o enfrentamento à moléstia, os quais apelam, desesperadamente, para o milagre da ciência, que é a vacina.
Ponto negativo é a índole do próprio regime. Sem irmanar seus concidadãos, pelo bem coletivo, embora os insistentes apelos, os reagentes institucionais são ineficazes. Solidariedade é antítese fundamental no minorar o impacto da doença. Infelizmente, essa nossa cultura, o desrespeito às recomendações médicas e sanitárias. Contrário em Cuba, sufocado pelo embargo estadunidense, com seus 11 milhões/hab., 150 mortes, apenas! A Ilha mantém as “Brigadas de Solidariedade Henry Reeve”, com 3 mil médicos espalhados em diversos países. Desoxigenadas, infectadas pelo lucro vil, as economias naquele patamar, sucumbirão, se não houver alterações de atitude.