Agosto, rico em acontecimentos que abalaram o País, envolvendo três mandatários da República. Getúlio Vargas, após forte pressão, inclusive de amigos mais chegados, na manhã do dia 24, resolve por fim sua passagem aqui na terra. A garra nacionalista, com projetos de interesse nacional, ao mesmo tempo escolhendo a classe trabalhadora e dos oprimidos como referência principal, redimia-se de um passado democrático obscuro. A Petrobrás, a Eletrobrás, a Siderúrgica de Volta Redonda, e no campo gerencial a edição da CLT, são testemunhos da fibra de um gaúcho, que deixou seus pagos para servir à Nação.
Foi nessa segunda fase de seu governo que provocou a ira internacional, cuja ordem se arregimentou contra o Brasil, na cobiça ao nosso ouro negro e mercado interno, confinando-o diante do resto do mundo. Aqui encontrou um dos seus mais entusiastas testas de ferro, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Uma série de incidentes foram estrategicamente montada, artificializando-se o atentado da rua Tonoleros, corrompendo políticos e, assim, criando um ambiente hostil ao nosso Presidente. É o que ele nos deixa claro na sua Carta de Testamento.
As mesmas forças hostis retomam o desejo de nos titularem, em todos sentidos. Voltam-se contrárias a ascensão de Juscelino Kubitschek ao Catete. A austeridade de fiéis militares, comprometidos com a Constituição, evitaram que mais uma tragédia democrática se consumasse. A banda podre do Brasil teve de engolir um período desenvolvimentista, de confiança no nosso futuro, entretanto num acidente automobilístico, eivado de dúvidas pelas circunstâncias da ocorrência de 22 de agosto de 1976, ali falecendo nosso JK.
A mensagem de despedida de Janio Quadros, 25 de agosto 1961, expressa semelhantes razões de Vargas. Lacerda, temeroso jornalista, ainda assumindo as intenções dos trusts e do clube imperialista, se diz queixoso em virtude da política externa, independente, em favor da autodeterminação dos povos, diretriz do novo Chefe de Estado. O estabelecimento das relações com a antiga União Soviética, a estudada aproximação com a China de Mao-Tse-Tung, a condecoração de Che Guevara, o noivado político com Leonel Brizola, evidentemente são atitudes que deixaram aturdidas as quadrilhas reacionárias que comandaram eleição presidencial do homem da vassoura.
JQ denuncia no texto de sua mensagem “a mentira e a covardia; os apetites e ambições”, vindo de organizações estrangeiras, conforme acentua forças terríveis, que se insurgiram contra ele, esmagando-o. Serve-se de palavras de efeito democrático para justificar seu gesto de renúncia.
Jornalista