Revelações da Independência, III

 Divulga-se o Sete de Setembro como único “Dia da Independência”. Ele, apenas, um marco central, por sinal pacífico, anunciador de nossa separação política de Portugal. A espada, que se levanta no ato, pelo Príncipe Regente, teria sido mera ficção do retratista Pedro Américo.  Não entendamos apenas daquela forma, pois há um conjunto de datas e pontos extremos que o formam e o diferenciam, a exemplo do 9 de Janeiro, “Dia do Fico”, oito meses antes do Grito do Ypiranga. Do outro lado estão o 2 de Julho, da Bahia, e de 25 de Maio a 31 de Julho, ambos do ano seguinte, no Maranhão. Foram sucessivas batalhas, um expulsando o brigadeiro Madeira de Melo e suas tropas, o outro, o graduado militar português, José da Cunha Fidié.

            A capital baiana se esmera em comemorar o que chama de “Consolidação da Independência”, e o faz desde 1824, provavelmente  agora perto de sua duocentésima edição, iniciada com seus desfiles  homenageando a figura cabocla, nos combates das forças aliadas. Prestigiados por várias gerações, que não deixaram de sentir o orgulho da participação do homem e da mulher em todas as adversidades das lutas. Não somente nativos dessa província, cariocas, mineiros e, em que pese o deslocamento do povo armado ao Maranhão, o restante do nordeste, também. Dois Exércitos, mais de dez mil combatentes.

            A versão de que tudo ocorreu mansa e pacificamente, não se sustenta, diante de tantas mortes sofridas pelos nossos compatriotas. É nosso dever corrigir tal ilação, resultado da interferência oficial em nossa história, propositadamente montada a fim de manter a população desconhecida e indiferente às ocasionalidades civis, políticas e dos campos de batalha, especialmente no período 1822/1824. A decisão lusa de reconquistar os territórios perdidos, sem dúvida valorizou a coragem de nossos soldados, em qualquer circunstância, mesmo através das armas. A submissão de nossos organismos de representação da História Pátria, é visível, e isso está demonstrado diante do comportamento passivo, arredio e cultural em relação ao Bicentenário, evento que deveríamos registrar com todas as pompas possíveis, não desviando seus méritos por fins eleitorais.

            Não acredito que um só filho de amor gentil ao Brasil deixará de ir, nesses próximos dias, às ruas de Salvador e Cachoeira, a 26 de Julho, nem de Caxias maranhense, e outras localidades que no passado se envolveram, diretamente, na retirada das tropas invasoras, naquele contexto consideradas inimigas. Leve uma bandeirola nacional, prove que o verde-amarelo não deve ser usado partidariamente. Não há gesto mais sublime que envergar um símbolo da Pátria, e esta é uma bicentenária oportunidade.

Jornalista

Inocêncio Nóbrega Filho, nasceu no município de Soledade - PB. Economista, historiador e militante do Jornalismo, há mais de 50 anos. Ingressou na vida de escritor, com o lançamento em 1974, do livro Malhada das Areias Brancas., onde faz um levantamento histórico de sua terra natal. Sua mais recente obra é "Independência! No Grito e na Raça", onde faz uma retrospectiva da Independência do Brasil.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui