O vício em apostas é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. Pesquisa realizada pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo aponta que o Brasil possui uma média de dois milhões de pessoas viciadas. Já o Banco Central revela que o gasto mensal com apostas no Brasil já ultrapassa R$ 20 bilhões.
Além do impacto financeiro, o vício em jogos de azar causa sérios danos psicológicos. A psicóloga Karina Siqueira, da Hapvida NotreDame Intermédica, explica que o vício em apostas segue padrões semelhantes aos de outras dependências, como em drogas, comprometendo gravemente a saúde mental dos jogadores. “O ciclo de adrenalina intenso e a frustração extrema que se segue à perda criam uma montanha-russa emocional. Isso pode resultar em ansiedade, depressão e, em casos mais severos, crises de pânico”, destaca.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, 51% dos brasileiros que apostam relatam aumento de sintomas ansiosos. Além disso, a pesquisa revela que 42% desse público usa esse vício como uma fuga ilusória das dificuldades cotidianas. No entanto, em vez de aliviar o estresse, essa prática aprofunda-o, gerando sensações de impotência e isolamento.
O perfil mais vulnerável a desenvolver o vício em apostas inclui jovens, especialmente homens solteiros com dificuldades financeiras. Esse grupo, frequentemente bombardeado por propagandas de casas de apostas nas redes sociais, torna-se mais suscetível ao jogo. Para muitos, as apostas representam uma fuga, uma forma de buscar alívio para problemas emocionais que, na maioria das vezes, apenas agravam o sofrimento. “Muitas pessoas que se tornam viciadas em comportamentos de risco, como as apostas, frequentemente já enfrentavam algum sofrimento psíquico antes, e essa prática pode se tornar uma forma de compensar essa dor”, ressalta Karina.
Sinais de alerta – Existem vários indícios que podem apontar a presença de um vício em apostas. Entre eles, destaca-se o uso de dinheiro destinado a despesas essenciais, como aluguel e alimentação, para apostar. A incapacidade de se afastar do jogo e as mudanças bruscas de humor também são importantes indicadores. Quando uma pessoa começa a comprometer seu orçamento familiar para jogar e afirma que pode parar a qualquer momento, mas não consegue, isso evidencia a perda de controle sobre o vício.
O impacto do vício em apostas vai além do jogador, afetando as relações familiares e sociais. Muitos jogadores acabam se isolando e enfrentando conflitos em casa, o que pode levar à dissolução de laços familiares e a uma condição de extrema vulnerabilidade.
Tratamento – A psicóloga da Hapvida enfatiza que o tratamento para o vício em apostas deve ser cuidadoso e multidisciplinar. “É fundamental entender o que levou a pessoa a esse comportamento, pois cada caso tem suas particularidades. Sem essa compreensão, é difícil reverter o quadro”, explica. Terapias voltadas para a reestruturação comportamental, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), são recomendadas para ajudar o paciente a ressignificar sua relação com o jogo e desenvolver novas formas de lidar com o sofrimento.
Também é necessário destacar a importância do apoio familiar na recuperação. “A presença da família e dos amigos é essencial. O recomendado é que eles não se afastem, mas que permaneçam próximos, mesmo que de uma forma limitada ou indireta, para que possam oferecer suporte quando a pessoa precisar e estiver pronta para buscar ajuda. Esse apoio é crucial para o processo de recuperação”, conclui Karina.
Saiba mais – O vício em jogos de azar é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença desde 2018. A ludopatia é uma condição médica caracterizada pelo desejo incontrolável de continuar jogando.
Assessoria de Imprensa
Múltipla Comunicação