Especialistas falam dos cuidados para compra, armazenamento e consumo de peixes e alertam para ‘doença da urina preta’

Na Semana Santa, o consumo de peixe tende a aumentar, mas na hora de comprar o produto e armazenar, é preciso ter uma série de cuidados, pois é um alimento extremamente perecível. Além disso, foram registrados em Pernambuco e Bahia, casos da Síndrome de Haff, conhecida popularmente como a ‘doença da urina preta’, que está associada ao consumo de pescados. A diretora nacional de Infectologia do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca explica que a doença é rara e que não é tempo de deixar de consumir peixe.

A síndrome está associada a uma toxina e tem início com náuseas e vômitos. A toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção, e também não é eliminada pelo processo de cocção. Silvia Fonseca destaca que não se sabe ao certo como os peixes se contaminam, se é pelo consumo de algas que possuem essa toxina.

A toxina, conforme explica a especialista, tem como principal alvo os músculos e a destruição desses músculos liberam no indivíduo uma proteína chamada mioglobina, essa passa pelos rins, danificando o órgão fazendo com que a pessoa tenha a urina escura. A infectologista afirma que existem teorias que apontam a possibilidade de o desenvolvimento da síndrome estar atrelado à conservação dos peixes. Mas reforça que não há uma conclusão acerca dessa teoria.

Como escolher – Na hora de escolher o peixe, a nutricionista do Sistema Hapvida em João Pessoa, Sonalle Carolina orienta verificar se as escamas estão brilhantes e bem firmes, os olhos estão brilhantes e vivos, as guelras úmidas e intactas e sem presença de pontos brancos e odor suave característico da espécie. A especialista recomenda também procurar lugares com registro nos serviços de vigilância sanitária.

A qualidade do peixe, seja ele fresco, congelado ou seco está relacionado à matéria prima, controle de temperatura e manipulação adequada. A especialista ressalta que para a escolha de um peixe fresco é importante avaliar se o pescado possui camada de gelo suficiente para manter a temperatura (-0,5 a -2 ºC) e observar as principais características para selecionar o peixe.

Entre as recomendações para consumo, a nutricionista afirma que há uma variedade de peixes que podem ser consumidos. De acordo com a sazonalidade os melhores são: cação, linguado, namorado, olhete, pintado, sardinha, tainha e truta. Para além da sazonalidade, a especialista sugere o consumo da tilápia, tendo em vista que esta é uma espécie facilmente encontrada no mercado.

Armazenamento – A atenção para o consumo de peixes não deve estar apenas no ato da compra, mas também no armazenamento ao qual o alimento será submetido. Sonalle explica que o ideal é não quebrar a cadeia do frio, então seria interessante já ir à peixaria com o isopor ou conserva com gelo, caso isso não aconteça, os peixes devem ser armazenados o mais breve possível em geladeira ou freezer. “Caso o consumo seja rápido, o peixe pode ser armazenado em até 24 horas em geladeira, desde que retirado as vísceras. Se o consumo ultrapassar esse tempo, congelar por no máximo três meses”, orienta.

Para peixes comprados congelados, a sugestão da nutricionista é realizar o descongelamento antes do preparo e em refrigeração. “Com relação aos pescados secos, principalmente o bacalhau, é interessante avaliar as características físicas, se possui bolor ou vermelhidão (indica presença de bactéria Halococcus sp.), ainda se há limosidade e amolecimento da carne, importante ressaltar que a salga do peixe não dispensa a manutenção sob refrigeração”, explica.

Benefícios – O consumo de peixes apresenta uma variedade de benefícios à saúde. Sonalle explica que os pescados são importantes fontes de proteínas na alimentação do ser humano, além disso, os valores de ômega 3, vitamina A e D, cálcio e fósforo encontrados neles são superiores a outras fontes proteicas animais. “Este alimento apresenta alta digestibilidade e é rico em aminoácidos essenciais. Os benefícios de comer peixe cru são reduzir o risco de doenças cardiovasculares, contribuir para o desenvolvimento cerebral, regeneração das células nervosas, ajudar a formar os tecidos e prevenir doenças ósseas”, elenca.

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