Último Grito

Bahia, eufórica com a expulsão das tropas portuguesas, no dia 2 de Julho de 1823, preocupação maior a construção civil da nova Nação.  A vanguarda do Exército Pacificador, resultado de uma preparação cuidadosa e eficiente, por parte Do major Barros Falcão, pernambucano, fizeram-lhe voltar para sua terra, consciente do dever cumprido. Até aí, as novidades dos primeiros meses desse ano davam conta de que Pedro I escapara de um sequestro, o desentendimento diplomático entre Portugal e Vaticano, a repercussão do manifesto das mulheres cuiabanas, em favor da Independência e instalação da Assembléia Constituinte, para a qual 14 províncias enviaram seus respectivos deputados.

As atenções, agora, se voltam para o Maranhão, onde os comandantes Salvador de Oliveira e Luiz Rodrigues Chaves se uniram num só contingente de soldados, piauienses e maranhenses, que desde janeiro enfrentavam o poderio militar luso, na região, capitaneado pelo experiente general João da Cunha Fidié. Após alguns malogros para os nacionais, um deles a batalha do Jenipapo, a 13 de março, a marcha pela retirada dos invasores  continua firme, obtê-la, pela força das armas ou através de  de estratégia militar, já contando com reforços de cearenses e piauienses.

Dessa forma, dois dias, apenas, do triunfo de Salvador, nossos Batalhões, resolutos, alcançam Vila de Caxias. Lá, encontraram estacionados galeras e brigues, na tentativa de sufocarem o movimento adesista a D. Pedro. Ambos os lados ignoravam que o monarca guinava-se para  seus patrícios, aqui residentes.

O elemento caboclo rompe o cerco à Vila, imposto por Fidié. A situação se inverte, os lusos são sitiados, em todos quadrantes do lugar, experimentando privações alimentares. Não lhes restava outra alternativa, para não morrerem de inanição, que acenar a rendição. Em convenção, durante sessão extraordinária da Câmara Municipal, na Capela de Nª Srª dos Remédios de Caxias, dia 31 de Julho, povo, clero, nobreza, sitiantes e sitiados, o major Fidié resolve emigrar, com sua gente,  e dia seguinte, Maranhão se diz liberto do jugo colonialista. Lógico que as comemorações, havidas em Salvador, se estenderão, sem dúvida, a Caxias. Com igual fervor patriótico, cujas cidades, neste ano do Bicentenário da Independência, estarão geminadas nas representações dos dois estados, e assim ecoarem a frase: fomos nós que demos os últimos gritos de Independência ou Morte!

Decisivo um só comando brasileiro. A mando de Pereira Filgueiras e Alencar Araripe, (Ceará), Piauí e Maranhão. Sem essa Aliança o eco de vitória da Independência não teria acontecido. Fazem-lhe jus toda reverência possível, por nós, neste ano Bicentenário. 

Jornalista

Inocêncio Nóbrega Filho, nasceu no município de Soledade - PB. Economista, historiador e militante do Jornalismo, há mais de 50 anos. Ingressou na vida de escritor, com o lançamento em 1974, do livro Malhada das Areias Brancas., onde faz um levantamento histórico de sua terra natal. Sua mais recente obra é "Independência! No Grito e na Raça", onde faz uma retrospectiva da Independência do Brasil.

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